marian pessah*
foto : Alexandre Ferreira da Silva
primeiramente em língua brasileira, embaixo, em língua argentina
Não nasci para um mundo de muros; que afastem, separem,
encerrem. Mas também ficar encima deles, não é solução.
Ando triste, faz dias que esse sentimento me visita. O
conflito árabe-palestino / israelí me dói muito. Sou uma pessoa politizada,
desde os meus 15 anos – tenho 46 – já ia às ruas me manifestar, fotografar,
participar. Como sou fotógrafa, não tenho tanta experiência em levar cartazes,
pois as duas coisas juntas, complicam-se. Contudo, decidi que a situação estava
tensa demais para eu não sair com um cartaz na Vigília em Solidariedade com a Palestina. Participei com uma camiseta
que ganhei das minhas amigas de Mujeres de Negro, é uma organização
internacional de Mulheres pela Paz que pede pelo fim da ocupação dos
territórios. E com um cartaz que dizia: “Sou judia e sou contra todo tipo de
genocídio”. Eu podia imaginar que as minhas palavras cairiam bem a algumas
pessoas e mal a outras. Todavia, o que NUNCA imaginei foi o carinho recebido dxs
palestinxs. Gente que nunca tinha me visto, ao ver o meu cartaz, me abraçava,
se emocionava, chamava a outras pessoas para mostrar como sim, tinha pelo menos
uma judia que os entendia. Esses abraços que trocamos, esses olhares tão
profundos me fizeram voltar a acreditar no amor à humanidade; na força que há
no se olhar olho no olho. O reconhecimento em outra pessoa, ante
tanta confusão, dá existência a nossa luta.
A matéria/ação deu o que falar. Como saí em fotos no Correio
do Povo, no Sul 21 e, posteriormente, na Carta Maior, muitas pessoas me
reconheceram e me marcavam no Facebook. Chegaram-me tanto parabéns, quanto
palavras “menos bonitas”. Nestas, me tratavam de ignorante, de pseudo-judia, de
que seria muito necessária num teto de Gaza e um longo etc. Sou judia; porém,
não porto credencial. Embora o meu belo sobrenome fale muito. Pessah é a festa
de libertação, quando o povo judeu se liberta da escravidão do povo egípcio.
Coisa mais linda, né? Ser presenteada com liberdade no meu próprio nome. E por
que eu iria desejar ela só para mim? Por que não desejá-la para toda a
humanidade? Pensar assim, me converte em ignorante? Vivi no Estado de Israel do
90 ao 93, com “direito” à guerra do Golfo, usar máscara, correr aos refúgios e
saber como é conflitivo viver nessa região. Então, pensar diferente, ter outra
posição política, me converte em ignorante, ou será que a/s outra/s pessoa/s é/são
um pouco simplificadora/s da realidade que não quer/em ver.
Em Israel reconhecem que o povo palestino estava desde antes
que o Estado se fundasse em 1948. Mas também dizem que como é uma zona árabe,
xs palestinxs bem podem ir a outras regiões, pois o Estado de Israel só tem esse
espaço para acolher xs judixs. Gostaria de ilustrar uma situação. Nós estamos
no Brasil, vamos imaginar que amanhã acontece alguma coisa e os povos indígenas
guarani-kaiowa chegaram com novas armas e expulsassem a todxs xs habitantes
sul-rio-grandenses do estado. Como assim? E a minha casa, os meus pertences? O
meu cotidiano? Tudo deve mudar. A resposta seria que como o Brasil é muito
grande, a gente teria muitos outros estados aos quais ir. Como é lógico, muitxs
não vão querer sair das suas terras e abandoná-lo todo. Ficarão tentando
resistir. A partir desse momento, esses “rebeldes”, serão chamados de
terroristas.
No jornal Zero Hora do 24 de julho, Fátima Ali, Secretária da
Federação Árabe Palestina (Fepal), escreve um artigo no que conta ser filha de um
refugiado palestino. Tive o prazer de conhecê-la na Vigília, aí, me apresentou
o seu pai. Conto isto porque hoje Fátima não é só mais um nome para mim; Fátima
tem um belo rosto, conheço os seus profundos olhos negros, e o seu abraço, está
– ainda – entre os meus braços. Minha nova amiga escreve: “Sou filha de um
refugiado palestino, que ostenta na sua identidade a marca ‘sem
nacionalidade’”.
Essas coisas me deixam triste. Sou utópica sim, o olhar das
pessoas que abracei, e pelas que fui abraçada, dizem-me que estou no caminho
certo. Quero acreditar que outro mundo é possível. Quero voltar a ver o
convívio entre judexs e palestinxs como quando em Buenos Aires – minha terra
natal -, eu era adolescente, e o meu pai foi admitido no Clube Sírio-Libanês.
Se esse ódio que respinga ao mundo todo foi construído, bem podemos
desconstruí-lo.
Quem atira o primeiro beijo?
¿Cuántos
besos?
No nací para
un mundo de muros; que alejen, separen, encierren. Pero tampoco para quedarme
encima, observando la vida pasar.
Ando triste,
hace días que este sentimiento me visita. El conflicto árabe-palestino /
israelí me duele mucho. Soy una persona politizada, a los 15 años – tengo 46 – empecé
a salir a las calles a manifestarme, a
fotografiar, a participar. Como soy fotógrafa, no tengo tanta experiencia en
llevar carteles, las dos cosas al mismo tiempo, se complican. Pero esta vez, la
situación estaba tan tensa, que me decidí a participar con un cartel en la Vigilia en Solidaridad con Palestina. Usé una camiseta que me regalaron
mis amigas de Mujeres de Negro, una organización internacional de
Mujeres por la Paz que pide el fin de la ocupación de los territorios. Y con un
cartel que decía: “Soy judía y soy contra todo tipo de genocidio”. Yo podía imaginarme que mis palabras caerían bien
a algunas personas y mal a otras. Así y todo, NUNCA imaginé el cariño que recibiría
de lxs palestinxs. Gente que nunca había visto en mi vida, al leer mi cartel,
me abrazaba, se emocionaba y, algunxs, hasta iban a llamar a otras personas para
que vieran como sí, existe por lo menos una judía que lxs entendía. Esos abrazos
que intercambiamos, esas miradas tan profundas me hicieron volver a creer en el
amor a la humanidad; en la fuerza que hay en mirarse a los ojos. Porque la
necesidad de reconocerse en la otra persona, ante tanta confusión, da existencia
a nuestra lucha.
La nota/acción
dio para mucho. Como salí en las fotos de dos diarios y posteriormente en la
revista Carta Maior, muchas personas me reconocían y me marcaban en su Facebook.
Me llegaron tantas
felicitaciones cuanto palabras “menos bonitas”. Ahí me trataban
de ignorante, de pseudo-judía, de que sería muy necesaria en un techo de Gaza y un largo etc.
Soy judía; no obstante, no llevo credencial. Si bien que mi apellido ya lo dice
todo. Pessah es la fiesta de libertación, cuando el pueblo judío se liberta de
la esclavitud del pueblo egipcio. ¡Qué lindo! Llevar a la propia libertad en mi
nombre. ¿Y por qué yo tendría que desearla sólo para mí? ¿Por qué no quererla para
toda la humanidad? ¿Pensar así me convierte en ignorante? Viví en el Estado de
Israel del 90 al 93, con “derecho” a la guerra del Golfo, usar máscara, correr
a los refugios y saber, bien de cerca, cómo es conflictivo vivir en esa región.
Entonces, pensar diferente, tener otra posición política, me convierte en
ignorante, o será que la/s otra/s persona/s es/son un poco simplificadora/s de
la realidad que no quiere/n ver.
En Israel
reconocen que lxs palestinxs estaban desde antes que el Estado se fundase en
1948. Pero dicen que como es una zona árabe, ellxs podrían ir a otras regiones,
porque el Estado de Israel sólo tiene ese espacio para albergar a lxs judixs. Me
gustaría ilustrar esta situação. Aquí estamos en Brasil, vamos a imaginar que mañana
sucede alguna cosa y los pueblos indígenas guarani-kaiowa llegan con nuevas armas
poderosas y expulsan a todxs lxs habitantes de Rio Grande do Sul del estado. ¿Cómo?
¿Y mi casa, mis cosas? ¿Mi cotidiano? Todo debe cambiar. La respuesta sería que
como Brasil es muy grande, nosotrxs tendíamos muchos otros estados a los cuales
ir. Como es lógico, muchxs no van a querer salir y abandonarlo todo. Se
quedarán intentando resistir. A partir de ese momento, esos “rebeldes”, pasarán
a ser llamados terroristas.
En el diario Zero
Hora del 24 de julio, Fátima Ali, Secretaria de la Federación Árabe Palestina
(Fepal), escribe un artículo donde cuenta que es hija de un refugiado
palestino. Tuve La oportunidad de conocerla durante la Vigilia, allí me presentó
a su padre. Cuento esto porque hoy Fátima no es sólo un nombre para mí; Fátima
tiene un bello rostro, conozco sus profundos ojos negros, y su abrazo, está – todavía
– entre mis brazos. Mi nueva amiga dice: “Soy hija de un refugiado palestino,
que ostenta en su identidad la marca ‘sin nacionalidad’”.
Estas cosas
me dejan triste. Soy utópica ¿y qué? La mirada de las personas que abracé, y por
las que fui abrazada, me dicen que estoy
en el camino cierto. Quiero creer que otro mundo es posible. Deseo volver a la convivencia
entre judíxs y palestinxs como cuando en Buenos Aires – mi tierra natal -, yo
era adolescente, y mi padre fue admitido en el Club Sirio-Libanés. Si ese odio,
que salpica al mundo entero, fue construido, bien podemos desconstruirlo.
¿Quién tira el
primer beso?
Nenhum comentário:
Postar um comentário