Pesquisar este blog

segunda-feira, 31 de maio de 2010

capitalismo e sexualidades

foto : Yaskara Guelpa

Capitalismo, sexualidades e atitudes políticas. O que isso tem a ver conosco?[1]

x marian pessah[2]


primeiro em língua brasileira

Tem sentido falar em capitalismo sem antes falarmos em patriarcado? Tem sentido falar em patriarcado sem resignificá-lo em seus vínculos com o capitalismo? De maneira simplificada, o patriarcado é uma ideologia/ um sistema/ uma prática de dominação e controle dos homens sobre as mulheres. A primeira idéia que quero expressar é que o patriarcado foi sendo gerado muito antes do capitalismo e se mantém até nossos dias; até quando a humanidade chega ao sistema capitalista, que se adapta ao patriarcado como luva em plena estação de inverno.

Como menciona Frederic Engels na sua grande obra: A origem da família, da propriedade privada e do Estado, referindo-se às formas pré-capitalistas de organização da produção mais primitivas:

“(...) com o aparecimento dos rebanhos e das demais riquezas novas, se produziu uma revolução na família. A indústria[3] sempre foi assunto do homem; os meios para sua produção eram manufaturados por ele e eram da sua propriedade. Os rebanhos constituíam a nova indústria; no início sua domesticação e depois a sua manutenção, eram obra do homem. Por isso o gado pertencia a ele assim como as mercadorias e os escravos que eram adquiridos por intermédio de sua troca. Todo o excedente que agora era obtido com a produção pertencia ao homem; a mulher participava do seu consumo, mas não tinha nenhuma participação em sua propriedade. (...) A divisão do trabalho na família foi a base para a distribuição da propriedade entre o homem e a mulher.”

A partir desse ponto de partida colocado por Engels e considerando que um sistema econômico se define pela maneira como as pessoas se relacionam para produzir, bem poderíamos estar falando não somente em classes sociais, mas também, em classes sexuais. Mais ainda, se todo o excedente produzido fica em poder dos homens, xs herdeirxs vão precisar estar bem definidos, assim nasce a necessidade do casamento heterossexual, para que os homens controlem “suas” mulheres e assim garantam a paternidade de seus/suas filhos/as, para dar seu sobrenome. Do mesmo modo nasce a monogamia obrigatória, pois se as mulheres estiverem com vários homens, não seria possível definir a paternidade. Para isso se faz necessário criar um dispositivo de vigilância, a partir de agora a moral será uma incrível ferramenta que contará com uma fiel parceira : a igreja.

Estamos, portanto, pensando agora num patriarcado, capitalista, em que a prostituição que já existia das mais diversas formas, para garantir o prazer sexual dos patriarcas e a monogamia, assume um novo caráter. É junto ao capitalismo que os corpos das mulheres (e de alguns homens não vamos esquecer) começam a ser trocados por moeda, transformam-se em mercadoria, categoria específica do sistema capitalista. Também, este “novo” sistema, estaria sendo um grande caldo de cultivo da moral homo-lesbofóbica, pois existindo, é uma bela inimiga do sistema reprodutor, isto é do sexo focado na reprodução e na moral familiar.

Parece uma conseqüência lógica, uma equação matemática que as relações familiares, como microcosmos da organização econômica, tenham convergido para o formato do casal heterossexual e monogâmico, com um papel fundamental na manutenção da ideologia capitalista.

Dessa forma, do ponto de vista econômico, entende-se por capitalismo uma relação de domínio da burguesia sobre o proletariado. E entende-se por família hetero-monogâmica, uma relação entre o homem e a mulher, onde é ele quem trabalha fora de casa, e é ela quem faz as tarefas do lar, sem horário determinado. Atualmente, grande parte das mulheres também trabalham fora de casa, mas essa atividade, não as exime de suas tarefas domésticas, pelo contrário, duplica a jornada laboral.

Por isso, em 1843, quando Flora Tristan escreveu o seu importante livro a União operária, já dizia que as mulheres somos as proletárias do proletariado. Infelizmente, 167 anos depois, isso segue tão atual como na época. Interessante se perguntar pelos avanços acontecidos em todos esses anos, mas isso ficará para uma próxima vez, quem sabe uma linda avaliação sobre os feminismos e a sua incidência na sociedade. Também, fica em aberto a provocação e o chamado.

Retomando. O que é o casamento? Um contrato social e econômico – de compra e venda? - assinado perante o Estado e/o a Igreja. Quando uma mulher se casa, passa de propriedade do pai, para o marido. Ou não é assim que acontece nas Igrejas? Sejam essas católicas, judias ou muçulmanas.

As mulheres entram caminhando pelo tapete vermelho do braço do pai até os agora maridos que aguardam no altar. Para chegar até esse momento sublime elas/nós tem/temos engolido o conto romântico de amor para toda a vida, da pessoa escolhida, de não ficar sozinhas, nem solteironas. Do medo de não ser amadas. O capitalismo, hoje muito bem representado por mega empresários, não fica de lado e faz o seu aporte ligando grandes e caros vestidos e elegantérrimas festas com mais amor ainda. Chegando a uma bela equação, quanto mais luxo, mais amor. Os olhos deste sistema parecem com os do tio Patinhas, em lugar de íris tem o símbolo $.

Cabe nos perguntar qual a relação entre amor e Estado. Se não fosse por todas estas coisas da necessidade da herança, de controle e domínio, não haveria necessidade de casamento, de testemunhar amor ante ninguém. Quando se assina um contrato numa empresa, por exemplo, nos informam quantas horas serão acordadas de trabalho, quais os feriados, ou seja, somos avisadas sobre direitos e obrigações. No contrato matrimonial, nós mulheres devemos trabalhar os 365 dias do ano, limpar a casa, manter a ordem, ter crianças e cuidar delas, se responsabilizar por sua educação. E como se não bastasse isso, também nos é exigido um corpo maravilhoso além de fazer sexo todas as noites que o marido o desejar. Como é o nome se não faxineira sem salário, proletária do proletariado, ou eterna escrava?

Qual o sentido de manter tudo isso intacto hoje? Que o movimento LGBTT – agora formalmente com o L na frente – lute pelo casamento, que não é mais que reproduzir o sistema e aqueles sonhos de consumo feitos pelo sistema, qual a função do casamento entre pessoas que não tem bens? Habitar o sono feito para oprimir? Qual a atitude política do movimento que deveria ser de libertação, e não de continuação, para dar uma melhoradinha nas opressões de maneira que tudo mude para tudo ficar igual?

Felizmente, teve uma criatura muito inteligente, que em 1949, escreveu um livro de dois volumes, importantíssimo, que se chamou O segundo sexo. Sim, Simone de Beauvoir. Ai deixou impressa a sua grande e importante frase: “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. Ela também foi uma importante referência com a sua vida, no plano intelectual, e na prática, pois junto com o seu companheiro, Jean Paul Sartre, com quem não só nunca se casou, nem sequer morou junto, enfrentou o desafio de construir novos e variados amores e núcleos afetivos.

Poucos anos depois, as FMF - Feministas Materialistas Francesas, da mesma turma que a Simone fazia parte dirão : “...o ponto central do pensamento, radica em que nem os homens, nem as mulheres são um grupo natural ou biológico, não possuem nenhuma essência especifica nem identidade a qual defender e não se definem pela cultura, a tradição, a ideologia, nem pelos hormônios, senão, simplesmente por uma relação social, material concreta e histórica. Esta relação é uma relação de classe ligada ao sistema de produção ao trabalho e a exploração de uma classe por outra”[4].

Uns anos mais tarde, Monique Wittig, também da turma das FMF, escreverá um texto: Ninguém nasce mulher e ficará muito conhecida a sua frase as lésbicas não somos mulheres.

“... o lesbianismo oferece de momento, a única forma social na qual podemos viver livremente. Lesbiano é o único conceito que conheço que está mais além das categorias de sexo (mulher e homem), pois o sujeito designado (lesbiano) não é uma mulher, nem economicamente, nem politicamente, nem ideologicamente”[5].

“Somos prófugas de nossa classe, da mesma maneira que os escravos americanos fugitivos o eram quando se escapavam da escravidão e se libertavam”.

“Temos que compreender que o conflito de classes não é eterno e que para ultrapassá-lo, é necessário destruir politicamente, filosoficamente, e simbolicamente as categorias de homes e de mulheres”.

Agora que temos algumas ferramentas de análise na mão, seria interessante nos colocarmos como lésbikas polítikas, não somente como mulheres homo-afetivas como algumas pessoas gostam de nos chamar. É necessário ver o potencial revolucionário que temos em nós, chegou a hora de tirarmos aquelas luvas, e tomar a realidade com as nossas próprias mãos. Dar um basta, vestir as nossas próprias roupas de lésbikas, seres dissidentes deste patriarcado capitalista. É importante tomar uma atitude política contraria ao casamento monogâmico e reprodutor das normas heterossexuais. Nós não aceitamos este sistema econômico e entendemos que não faz sentido o casamento que venha a referendar através dos nossos corpos esse sistema opressor.

Temos a faca e o queijo na mão para dizer não a essa monogamia obrigatória que tanto nos oprime e cuja função básica é a reprodução do sistema do capital e da propriedade privada, agora nos corpos, também das mulheres, por nós, mulheres.

Não há movimento possível sem a existência de utopia, objetivos e sonhos. Vamos lá, o céu esta aqui para voar, sonhar e experimentar a liberdade que nos da o fato de sermos anormais, lésbikas polítikas.

Referências bibliográficas

Beauvoir, Simone de. O segundo sexo, Ed. Gallimard, Paris, 1976.

Engels, Friederich El origen de la familia, la propiedad privada y el Estado. Editorial Progreso, Moscú.

Falquet, Jules e Curiel, Ochy (org)- El patriarcado desnudo, ed. Brecha Lesbica, 2005.

Tristán, Flora La Unión obrera, Ed. Fontanara.

Wittig, Monique. Ninguém nasce mulher in Em rebeldia – da bloga ao livro, Porto Alegre, 2009.

Agora em língua argentina

Capitalismo, sexualidades y actitudes políticas. ¿Qué tiene que ver con nosotras?[6]


x marian pessah[7]

¿Tiene sentido hablar de capitalismo sin mencionar antes al patriarcado? ¿Tiene sentido hablar del patriarcado sin resignificarlo en sus vínculos con el capitalismo? De manera simplificada, el patriarcado es una ideología/ un sistema/ una práctica de dominación y control de los hombres sobre las mujeres. La primera idea que quiero expresar, es que el patriarcado nació mucho antes que el capitalismo y se mantiene hasta nuestros días; hasta que la humanidad llega al sistema capitalista y entra en el patriarcado, como guante en plena estación invernal.

Como menciona Frederic Engels en su gran obra: El origen de la familia, la propiedad privada y el Estado, refiriéndose a las formas pre-capitalistas de organización de la producción más primitivas:

“...Y con la aparición de los rebaños y la demás riquezas nuevas, se produjo una revolución en la familia. La industria había sido siempre asunto del hombre; los medios necesarios para ella eran producidos por él y propiedad suya. Los rebaños constituían la nueva industria; su domesticación al principio y cuidado después, eran obra del hombre. Por eso el ganado le pertenecía, así como las mercancías y los esclavos que obtenía a cambio de él. Todo el excedente que dejaba ahora la producción pertenecía al hombre; la mujer participaba en su consumo, pero no tenía ninguna participación en su propiedad. (…) La división del trabajo en la familia había sido la base para distribuir la propiedad entre el hombre y la mujer.”

A partir de ese punto de partida planteado por Engels y considerando que un sistema económico se define por la manera como las personas se relacionan para producir, debemos hablar no solamente en clases sociales, sino también, en clases sexuales. Veamos cómo sigue, si todo el excedente producido queda en poder de los hombres, lxs herederxs van a precisar estar bien definidxs, así nace la necesidad del casamiento heterosexual, para que los hombres controlen a “sus” mujeres y poder garantizar la paternidad de sus hijos/as, para darles su apellido. Del mismo modo nace la monogamia obligatoria, porque si las mujeres están con varios hombres, no es posible identificar al pater-padre. Ahora se hace necesario crear un dispositivo de vigilancia, la moral será una increíble herramienta que contará con una fiel ayudante : la iglesia.

Estamos hablando de un patriarcado-capitalista, donde la prostitución que ya existía de las más diversas formas para asegurar el placer sexual de los patriarcas, y la monogamia asumen un nuevo carácter. Junto al capitalismo, los cuerpos de las mujeres (y de algunos hombres) comienzan a ser cambiados por moneda, transformándose en mercaderías, categoría específica del sistema capitalista. Este “nuevo” sistema, está siendo un gran caldo de cultivo de la moral homo-lesbofóbica, porque existiendo personas gays o lesbianas, son bellas enemigas y un terrible peligro para el sistema reproductor del sexo centrado en la reproducción y en la moral familiar.

Parece una consecuencia lógica, una ecuación matemática que las relaciones familiares, como microcosmos de la organización económica, hayan convergido para el formato de pareja heterosexual y monogámica, con un papel fundamental en la manutención de la ideología capitalista.

De esta forma, del punto de vista económico, se entiende por capitalismo una relación de dominación de la burguesía sobre el proletariado. Y se entiende por familia hetero-monogámica, una relación entre el hombre y la mujer, en la cual, es él quien trabaja fuera de la casa, y es ella quien hace las tareas del hogar, sin horario determinado. Actualmente, gran parte de las mujeres también trabajan fuera de casa, solo que esa actividad no las exime de las tareas domésticas, por el contrario, duplica su jornada laboral.

Por eso, en 1843, cuando Flora Tristán escribió su importante libro La Unión obrera, ya decía que las mujeres somos las proletarias del proletariado. Lamentablemente, 167 años después, eso sigue tan actual como entonces. Sería interesante preguntarnos por los avances realizados en todos estos años, sería importante hacer una minuciosa evaluación sobre los feminismos y su incidencia en la sociedad.

Continuemos. ¿Que es el casamiento? Un contrato social y económico – ¿de compra y venta? - firmado frente al Estado y/o la Iglesia. Cuando una mujer se casa, pasa de ser propiedad del padre, para el marido. ¿O no es así que sucede en las Iglesias? Sean estas católicas, judías o musulmanas.

Las mujeres entran caminando sobre la alfombra roja del brazo del padre hasta los ahora maridos que aguardan en el altar. Para llegar hasta ese momento sublime ellas/nosotras tienen/tenemos que habernos tragado el cuento romántico del amor para toda la vida, de la persona elegida, de no quedarnos solas, ni solteronas. Del miedo de no ser amadas. El capitalismo, hoy en día está muy bien representado por mega empresarios que no se quedan atrás. Dejan su importante marca con grandes y caros vestidos y elegantísimas fiestas; relacionando lujo con amor. Los ojos de este sistema se parecen a los del Tío Rico, en lugar de iris tiene el signo $.

Cabe preguntarnos cuál es la relación entre amor y Estado. Si no fuese por todas estas cosas de la necesidad de herencia, control y dominio, no habría necesidad de casamiento, de atestiguar amor ante nadie. Cuando se firma un contrato con una empresa, por ejemplo, enseguida se informa cuántas horas serán de trabajo y cuáles los días libres, somos avisadas sobre derechos y obligaciones. En un contrato matrimonial, las mujeres debemos trabajar los 365 días del año, limpiar la casa, mantener el orden, tener hijxs y cuidarlxs, responsabilizarse por su educación. Y como si no fuera suficiente, también nos es exigido un cuerpo maravilloso y estar siempre listas para tener sexo todas las noches que el marido lo desee. ¿Cómo es el nombre de la mujer cazada? Presa, mucama sin sueldo, proletaria del proletariado, eterna esclava.

¿Cuál es el sentido de mantener todo esto intacto hoy? Que el movimiento LGBTT – ahora formalmente con la L al frente[8] – luche por obtener el casamiento, que no hace más que reproducir el sistema y los sueños de consumo concebidos por el sistema, ¿cuál es la función del casamiento entre personas que no tienen bienes? ¿Cuál la de habitar el sueño creado para oprimir? ¿Cuál es la actitud política del movimiento que debería ser de libertación, y no de continuación, para amenizar las opresiones de manera que todo cambie para que todo continúe igual?

Felizmente, existió una criatura muy inteligente, que en 1949, escribió un libro de dos volúmenes importantísimo, que se llamó El segundo sexo. Sí, me refiero a Simone de Beauvoir. Ahí dejó impresa su grande e importante frase: “Nadie nace mujer, llega a serlo”. Ella también fue una importante referencia con su vida, en el plano intelectual, y en la práctica. Junto con su compañero, Jean Paul Sartre, con quien nunca se casaron ni vivieron juntxs; enfrentaron el desafío de construir nuevos y variados amores y núcleos afectivos.

Pocos años después, las FMF - Feministas Materialistas Francesas, del mismo grupo que Simone formaba parte, dirán : “...el punto central del pensamiento, radica en que ni los hombres, ni las mujeres son un grupo natural o biológico, no poseen ninguna esencia especifica ni identidad la cual defender y no se definen por la cultura, la tradición, la ideología, ni por las hormonas, sino, simplemente por una relación social, material concreta e histórica. Esta relación es una relación de clase ligada al sistema de producción al trabajo y a la explotación de una clase sobre otra”[9].

Unos años más tarde, Monique Wittig, también del grupo de las FMF, escribirá un texto: Nadie nace mujer y se hará muy conocida su frase las lesbianas no somos mujeres.

“... pues el lesbianismo ofrece de momento, la única forma social en la cual podemos vivir libremente. Lesbianidad es el único concepto que conozco que está mas allá de las categorías de sexo (mujer y hombre), pues el sujeto designado (lesbiano) no es una mujer, ni económicamente, ni políticamente, ni ideológicamente.”[10].

“Somos prófugas de nuestra clase, de la misma manera en que los esclavos americanos fugitivos lo eran cuando se escapaban de la esclavitud y se liberaban.”.

“Tenemos que comprender que el conflicto de clases no es eterno y que para superarlo, es necesario destruir políticamente, filosóficamente, y simbólicamente las categorías de hombres y de mujeres”.

Ahora con algunas herramientas de análisis en las manos, seria interesante posicionarnos como lesbianas polítikas, y no mujeres homo-afectivas como a algunas personas les gusta llamarnos/se. Es necesario abrir los ojos y ver el potencial revolucionario que tenemos en nosotras, llegó la hora de sacarnos aquellos guantes y tomar la realidad con nuestras propias manos. ¡Basta ya! Vamos a vestirnos con nuestras propias ropas de lesbianas, seres disidentes de este patriarcado capitalista. Es importante tomar una actitud política contraria al casa-miento monogámico y reproductor de las normas heterosexuales. Nos-otras no aceptamos este sistema económico y entendemos que no tiene sentido el casa-miento que refrenda a través de nuestros propios cuerpos este sistema opresor.

Tenemos la sartén por el mango, y el mango también, para decir no a esta monogamia obligatoria que tanto nos oprime, cuya función básica es la reproducción del sistema del capital y de la propiedad privada, también en los cuerpos de las mujeres.

No hay movimiento posible sin la existencia de la utopia, objetivos y sueños. ¡Vamos adelante! El cielo está aquí para que volemos, soñemos y experimentemos la libertad que nos da el hecho de ser anormales- lesbianas polítikas.

Referencias bibliográficas

Beauvoir, Simone de. El segundo sexo, Ed. Gallimard, Paris, 1976.

Engels, Friederich El origen de la familia, la propiedad privada y el Estado. Editorial Progreso, Moscú.

Falquet, Jules e Curiel, Ochy (org)- El patriarcado desnudo, ed. Brecha Lesbica, 2005.

Tristán, Flora La Unión obrera, Ed. Fontanara.

Wittig, Monique. Ninguém nasce mulher in Em rebeldia – da bloga ao livro, Porto Alegre, 2009.


[1] Este texto foi apresentado no SENALE – Seminário Nacional de Lésbicas, acontecido em Porto Velho-RO entre os dias 8 e 11 de maio de 2010; na mesa que leva o mesmo nome.

Agradeço muito as contribuições neste texto da Clarisse Castilhos, minha companheira, a partir de tantas falas e debates que a gente vem construindo nas nossas vidas e ativismos e este texto é um pouco disso.

[2] artivista, lésbica feminista autônoma radikal e atuante no grupo mulheres rebeldes. radicaldesdelaraiz@yahoo.com.br

[3] A palavra indústria é utilizada, nesse caso, como atividade produtiva em geral, não como a concebemos atualmente.

[4] En El patriarcado al desnudo.

[5] Monique Wittig, Ninguém nasce mulher.

[6] Este texto fue presentado en el SENALE – Seminario Nacional de Lesbianas, acontecido en Porto Velho-RO entre los días 8 y 11 de mayo de 2010; en la mesa que lleva el mismo nombre.

Agradezco mucho las contribuciones de Clarisse Castilhos, mi compañera, con quien venimos compartiendo y construyendo tantas charlas y debates sobre y en nuestras vidas y activismos. Este texto es un poco eso.

[7] artivista, lesbiana feminista autónoma radikal y aktuante en el grupo mulheres rebeldes. radicaldesdelaraiz@yahoo.com.br

[8] Movimiento LGBTT - Lesbianas, Gays, Bisexuales, Travestis, Transexuales. En la última conferencia nacional, realizada en Brasilia por este movimiento, la “gran conquista” de las lesbianas, fue que el movimiento reconociera que la L va al frente.

[9] En El patriarcado al desnudo.

[10] Monique Wittig, Ninguém nasce mulher.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Apocalipsis de Solentiname


Julio Cotázar – de su libro Nicaragua tan violentamente dulce


Los ticos son siempre así, más bien calladitos pero llenos de sorpresas, uno baja en San José de Costa Rica y ahí están esperándote Carmen Naranjo y Samuel Rovinski y Sergio Ramírez (que es de Nicaragua y no tico pero qué diferencia en el fondo si es lo mismo, qué diferencia en que yo sea argentino aunque por gentileza debería decir tino, y los otros nicas o ticos). Hacía uno de esos calores y para peor todo empezaba enseguida, conferencia de prensa con lo de siempre, ¿por qué no vivís en tu patria, qué pasó que Blow-Up era tan distinto de tu cuento, te parece que el escritor tiene que estar comprometido? A esta altura de las cosas ya sé que la última entrevista me la harán en las puertas del infierno y seguro que serán las mismas preguntas, y si por caso es chez San Pedro la cosa no va a cambiar, ¿a usted no le parece que allá abajo escribía demasiado hermético para el pueblo?


Después el hotel Europa y esa ducha que corona los viajes con un largo monólogo de jabón y de silencio. Solamente que a las siete cuando ya era hora de caminar por San José y ver si era sencillo y parejito como me habían dicho, una mano se me prendió del saco y detrás estaba Ernesto Cardenal y qué abrazo, poeta, qué bueno que estuvieras ahí después del encuentro en Roma, de tantos encuentros sobre el papel a lo largo de años. Siempre me sorprende, siempre me conmueve que alguien como Ernesto venga a verme y a buscarme, vos dirás que hiervo de falsa modestia pero decilo nomás viejo, el chacal aúlla pero el ómnibus pasa, siempre
seré un aficionado, alguien que desde abajo quiere tanto a algunos que un día resulta que también lo quieren, son cosas que me superan, mejor pasamos a la otra línea.
La otra línea era que Ernesto sabía que yo llegaba a Costa Rica y dale, de su isla se había venido en avión porque el pajarito que le lleva las noticias lo tenía informado de que los ticas me planeaban un viaje a Solentiname y a él le parecía irresistible la idea de venir a buscarme, con lo cual dos días después Sergio y Óscar y Ernesto y yo colmábamos la demasiado colmable capacidad de una avioneta Piper Aztec, cuyo nombre será siempre un enigma para mí pero que volaba entre hipos y borborigmos ominosos mientras el rubio piloto sintonizaba unos calipsos contrarrestantes y parecía por completo indiferente a mi noción de que el azteca nos llevaba derecho a la pirámide del sacrificio. No fue así, como puede verse, bajamos en Los Chiles y de ahí un yip igualmente tambaleante nos puso en la finca del poeta José Coronel Urteche, a quién más gente haría bien en leer y en cuya casa descansamos hablando de tantos otros amigos poetas, de Roque Dalton y de Gertrude Stein y de Carlos Martínez Rivas hasta que llegó Luis Coronel y nos fuimos para Nicaragua en su yip y en su panga de sobresaltadas velocidades. Pero antes hubo fotos de recuerdo con una cámara de esas que dejan salir ahí nomás un papelito celeste que poco a poco y maravillosamente y polaroid se va llenando de imágenes paulatinas, primero ectoplasmas inquietantes y poco a poco una nariz, un pelo crespo, la sonrisa de Ernesto con su vincha nazarena, doña María y don José recortándose contra la veranda. A todos les parecía muy normal eso porque desde luego estaban habituados a servirse de esa cámara pero yo no, a mí ver salir de la nada, del cuadradito celeste de la nada esas caras y esas sonrisas de despedida me llenaba de asombro y se los dije, me acuerdo de haberle preguntado a Óscar qué pasaría si alguna vez después de una foto de familia el papelito celeste de la nada empezara a llenarse con Napoleón a caballo, y la carcajada de don José Coronel que todo lo escuchaba como siempre, el yip, vámonos ya para el lago.
A Solentiname llegamos entrada la noche, allí esperaban Teresa y William y un poeta gringo y los otros muchachos de la comunidad; nos fuimos a dormir casi enseguida pero antes vi las pinturas en un rincón, Ernesto hablaba con su gente y sacaba de una bolsa las provisiones y regalos que traía de San José, alguien dormía en una hamaca y yo vi las pinturas en un rincón, empecé a mirarlas. No me acuerdo quién me explicó que eran trabajos de los campesinos de la zona, ésta la pintó el Vicente, ésta es de la Ramona, algunas firmadas y otras no pero todas tan hermosas, una vez más la visión primera del mundo, la mirada limpia del que describe su entorno como un canto de alabanza: vaquitas enanas en prados de amapola, la choza de azúcar de donde va saliendo la gente como hormigas, el caballo de ojos verdes contra un fondo de cañaverales, el bautismo en una iglesia que no cree en la perspectiva y se trepa o se cae sobre sí misma, el lago con botecitos como zapatos y en último plano un pez enorme que ríe con labios de color turquesa. Entonces vino Ernesto a explicarme que la venta de las pinturas ayudaba a tirar adelante, por la mañana me mostraría trabajos en madera y piedra de los campesinos y también sus propias esculturas; nos íbamos quedando dormidos pero yo seguí todavía ojeando los cuadritos amontonados en un rincón, sacando las grandes barajas de tela con las vaquitas y las flores y esa madre con dos niños en las rodillas, uno de blanco y el otro de rojo, bajo un cielo tan lleno de estrellas que la única nube quedaba como humillada en un ángulo, apretándose contra la varilla del cuadro, saliéndose ya de la tela de puro miedo.
Al otro día era domingo y misa de once, la misa de Solentiname en la que los campesinos y Ernesto y los amigos de visita comentan juntos un capítulo del evangelio que ese día era el arresto de Jesús en el huerto, un tema que la gente de Solentiname trataba como si hablaran de ellos mismos, de la amenaza de que les cayeran en la noche o en pleno día, esa vida en permanente incertidumbre de las islas y de la tierra firme y de toda Nicaragua y no solamente de toda Nicaragua sino de casi toda América Latina, vida rodeada de miedo y de muerte, vida de Guatemala y vida de El Salvador, vida de la Argentina y de Bolivia, vida de Chile y de Santo Domingo, vida del Paraguay, vida de Brasil y de Colombia.
Ya después hubo que pensar en volverse y fue entonces que pensé de nuevo en los cuadros, fui a la sala de la comunidad y empecé a mirarlos a la luz delirante de mediodía, los colores más altos, los acrílicos o los óleos enfrentándose desde caballitos y girasoles y fiestas en los prados y palmares simétricos. Me acordé que tenía un rollo de color en la cámara y salí a la veranda con una brazada de cuadros; Sergio que llegaba me ayudó a tenerlos parados en la buena luz, y de uno en uno los fui fotografiando con cuidado, centrando de manera que cada cuadro ocupara enteramente el visor. Las casualidades son así: me quedaban tantas tomas como cuadros, ninguno se quedó afuera y cuando vino Ernesto a decirnos que la panga estaba lista le conté lo que había hecho y él se rió, ladrón de cuadros, contrabandista de imágenes. Sí, le dije, me los llevo todos, allá los proyectaré en mi pantalla y serán más grandes y más brillantes que éstos, jodete.
Volví a San José, estuve en La Habana y anduve por ahí haciendo cosas, de vuelta a París con un cansancio lleno de nostalgia, Claudine calladita esperándome en Orly, otra vez la vida de reloj pulsera y merci monsieur, bonjour madame, los comités, los cines, el vino tinto y Claudine, los cuartetos de Mozart y Claudine. Entre tanta cosa que los sapos maletas habían escupido sobre la cama y la alfombra, revistas, recortes, pañuelos y libros de poetas centroamericanos, los tubos de plástico gris con los rollos de películas, tanta cosa a lo largo de dos meses, la secuencia de la Escuela Lenin de La Habana, las calles de Trinidad, los perfiles del volcán Irazú y su cubeta de agua hirviente verde donde Samuel y yo y Sarita habíamos imaginado patos ya asados flotando entre gasas de humo azufrado. Claudine llevó los rollos a revelar, una tarde andando por el barrio latino me acordé y como tenía la boleta en el bolsillo los recogí y eran ocho, pensé enseguida en los cuadritos de Solentiname y cuando estuve en mi casa busqué en las cajas y fui mirando el primer diapositivo de cada serie, me acordaba que antes de fotografiar los cuadritos había estado sacando la misa de Ernesto, unos niños jugando entre las palmeras igualitos a las pinturas, niños y palmeras y vacas contra un fondo violentamente azul de cielo y de lago apenas un poco más verde, o a lo mejor al revés, ya no lo tenía claro. Puse en el cargador la caja de los niños y la misa, sabía que después empezaban las pinturas hasta el final del rollo.
Anochecía y yo estaba solo, Claudine vendría al salir del trabajo para escuchar música y quedarse conmigo; armé la pantalla y un ron con mucho hielo, el proyector con su cargador listo y su botón de telecomando; no hacía falta correr las cortinas, la noche servicial ya estaba ahí encendiendo las lámparas y el perfume del ron; era grato pensar que todo volvería a darse poco a poco, después de los cuadritos de Solentiname empezaría a pasar las cajas con las fotos cubanas, pero por qué los cuadritos primero, por qué la deformación profesional, el arte antes que la vida, y por qué no, le dijo el otro a éste en su eterno indesarmable diálogo fraterno y rencoroso, por qué no mirar primero las pinturas de Solentiname si también son la vida, si todo es lo mismo.
Pasaron las fotos de la misa, más bien malas por errores de exposición, los niños en cambio jugaban a plena luz y dientes tan blancos. Apretaba sin ganas el botón de cambio, me hubiera quedado tanto rato mirando cada foto pegajosa de recuerdo, pequeño mundo frágil de Solentiname rodeado de agua y de esbirros como estaba rodeado el muchacho que miré sin comprender, yo había apretado el botón y el muchacho estaba ahí en un segundo plano clarísimo, una cara ancha y lisa como llena de incrédula sorpresa mientras su cuerpo se vencía hacia adelante, el agujero nítido en mitad de la frente, la pistola del oficial marcando todavía la trayectoria de la bala, los otros a los lados con las metralletas, un fondo confuso de casas y de árboles.
Se piensa lo que se piensa, eso llega siempre antes que uno mismo y lo deja tan atrás; estúpidamente me dije que se habrían equivocado en la óptica, que me habían dado las fotos de otro cliente; pero entonces la misa, los niños jugando en el prado, entonces cómo. Tampoco mi mano obedecía cuando apretó el botón y fue un salitral interminable a mediodía con dos o tres cobertizos de chapas herrumbradas, gente amontonada a la izquierda mirando los cuerpos tendidos boca arriba, sus brazos abiertos contra un cielo desnudo y gris; había que fijarse mucho para distinguir en el fondo al grupo uniformado de espaldas y yéndose, el yip que esperaba en lo alto de una loma.
Sé que seguí; frente a eso que se resistía a toda cordura lo único posible era seguir apretando el botón, mirando la esquina de Corrientes y San Martín y el auto negro con los cuatro tipos apuntando a la vereda donde alguien corría con una camisa blanca y zapatillas, dos mujeres queriendo refugiarse detrás de un camión estacionado, alguien mirando de frente, una cara de incredulidad horrorizada, llevándose una mano al mentón como para tocarse y sentirse todavía vivo, y de golpe la pieza casi a oscuras, una sucia luz cayendo de la alta ventanilla enrejada, la mesa con la muchacha desnuda boca arriba y el pelo colgándole hasta el suelo, la sombra de espaldas metiéndole un cable entre las piernas abiertas, los dos tipos de frente hablando entre ellos, una corbata azul y un pull-over verde. Nunca supe si seguía apretando o no el botón, vi un claro de selva, una cabaña con techo de paja y árboles en primer plano, contra el tronco del más próximo un muchacho flaco mirando hacia la izquierda donde un grupo confuso, cinco o seis muy juntos le apuntaban con fusiles y pistolas; el muchacho de cara larga y un mechón cayéndole en la frente morena los miraba, una mano alzada a medias, la otra a lo mejor en el bolsillo del pantalón, era como si les estuviera diciendo algo sin apuro, casi displicentemente, y aunque la foto era borrosa yo sentí y supe y vi que el muchacho era Roque Dalton, y entonces sí apreté el botón como si con eso pudiera salvarlo de la infamia de esa muerte y alcancé a ver un auto que volaba en pedazos en pleno centro de una ciudad que podía ser Buenos Aires o São Paulo, seguí apretando y apretando entre ráfagas de caras ensangrentadas y pedazos de cuerpos y carreras de mujeres y de niños por una ladera boliviana o guatemalteca, de golpe la pantalla se llenó de mercurio y de nada y también de Claudine que entraba silenciosa volcando su sombra en la pantalla antes de inclinarse y besarme en el pelo y preguntar si eran lindas, si estaba contento de las fotos, si se las quería mostrar.
Corrí el cargador y volví a ponerlo en cero, uno no sabe cómo ni por qué hace las cosas cuando ha cruzado un límite que tampoco sabe. Sin mirarla, porque hubiera comprendido o simplemente tenido miedo de eso que debía ser mi cara, sin explicarle nada porque todo era un solo nudo desde la garganta hasta las uñas de los pies, me levanté y despacio la senté en mi sillón y algo debí decir de que iba a buscarle un trago y que mirara, que mirara ella mientras yo iba a buscarle un trago. En el baño creo que vomité, o solamente lloré y después vomité o no hice nada y solamente estuve sentado en el borde de la bañera dejando pasar el tiempo hasta que pude ir a la cocina y prepararle a Claudine su bebida preferida, llenársela de hielo y entonces sentir el silencio, darme cuenta de que Claudine no gritaba ni venía corriendo a preguntarme, el silencio nada más y por momentos el bolero azucarado que se filtraba desde el departamento de al lado. No sé cuánto tardé en recorrer lo que iba de la cocina al salón, ver la parte de atrás de la pantalla justo cuando ella llegaba al final y la pieza se llenaba con el reflejo del mercurio instantáneo y después la penumbra, Claudine apagando el proyector y echándose atrás en el sillón para tomar el vaso y sonreírme despacito, feliz y gata y tan contenta.
-Qué bonitas te salieron, esa del pescado que se ríe y la madre con los dos niños y las vaquitas en el campo; espera, y esa otra del bautismo en la iglesia, decime quién los pintó, no se ven las firmas.
Sentado en el suelo, sin mirarla, busqué mi vaso y lo bebí de un trago. No le iba a decir nada, qué le podía decir ahora, pero me acuerdo que pensé vagamente en preguntarle una idiotez, preguntarle si en algún momento no había visto una foto de Napoleón a caballo. Pero no se lo pregunté, claro.

San José, La Habana, abril de 1976