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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

sobre Clarice Lispector


carta do Caio Fernando Abreu para Hilda Hilt sobre um encontro com a Clarice:

29/12/1970

Hildinha, a carta para você já estava escrita, mas aconteceu agora de noite um negócio tão genial que vou escrever mais um pouco. Depois que escrevi para você fui ler o jornal de hoje: havia uma notícia dizendo que Clarice Lispector estaria autografando seus livros numa televisão, à noite. Jantei e saí ventando. Cheguei lá timidíssimo, lógico. Vi uma mulher linda e estranhíssima num canto, toda de preto, com um clima de tristeza e santidade ao mesmo tempo, absolutamente incrível. Era ela. Me aproximei, dei os livros para ela autografar e entreguei o meu Inventário. Ia saindo quando um dos escritores vagamente bichona que paparicava em torno dela inventou de me conhecer e apresentar. Ela sorriu novamente e eu fiquei por ali olhando. De repente fiquei supernervoso e sai para o corredor. Ia indo embora quando (veja que GLÓRIA) ela saiu na porta e me chamou: - “Fica comigo.” Fiquei. Conversamos um pouco. De repente ela me olhou e disse que me achava muito bonito, parecido com Cristo. Tive 33 orgasmos consecutivos. Depois falamos sobre Nélida (que está nos States) e você. Falei que havia recebido teu livro hoje, e ela disse que tinha muita vontade de ler, porque a Nélida havia falado entusiasticamente sobre Lázaro. Aí, como eu tinha aquele outro exemplar que você me mandou na bolsa, resolvi dar a ela. Disse que vai ler com carinho. Por fim me deu o endereço e telefone dela no Rio, pedindo que eu a procurasse agora quando for. Saí de lá meio bobo com tudo, ainda estou numa espécie de transe, acho que nem vou conseguir dormir. Ela é demais estranha. Sua mão direita está toda queimada, ficaram apenas dois pedaços do médio e do indicador, os outros não têm unhas. Uma coisa dolorosa. Tem manchas de queimadura por todo o corpo, menos no rosto, onde fez plástica. Perdeu todo o cabelo no incêndio: usa uma peruca de um loiro escuro. Ela é exatamente como os seus livros: transmite uma sensação estranha, de uma sabedoria e uma amargura impressionantes. É lenta e quase não fala. Tem olhos hipnóticos, quase diabólicos. E a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. É impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável, mas porque a gente pressente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa ao seu redor. Talvez eu esteja fantasiando, sei lá. Mas a impressão foi fortíssima, nunca ninguém tinha me perturbado tanto. Acho que mesmo que ela não fosse Clarice Lispector eu sentiria a mesma coisa. Por incrível que pareça, voltei de lá com febre e taquicardia. Vê que estranho. Sinto que as coisas vão mudar radicalmente para mim – teu livro e Clarice Lispector num mesmo dia são, fora de dúvida, um presságio. Fico por aqui, já é muito tarde.

Um grande beijo do teu Caio.

(Do livro de cartas do Caio Fernando Abreu organizado por Italo Moriconi)

domingo, 12 de dezembro de 2010

Clarice


“Um dia virá em que todo meu movimento será criação, nascimento, eu romperei todos os não que existem dentro de mim, provarei a mim mesma que nada há a temer, que tudo o que eu for será sempre onde haja uma mulher com meu principio, erguerei dentro de mim o que sou um dia. Eu serei forte como a alma de um animal e quando eu falar serão palavras não pensadas e lentas, não levemente sentidas, não cheias de vontades de humanidade, não o passado corroendo o futuro!”

Perto do Coração salvagem

Clarice Lispector

terça-feira, 23 de novembro de 2010

basta de violencia ! revoltémonos

A violência dos homens contra as mulheres

é a fúria do sistema contra a metade da humanidade.

por mulheres rebeldes[1]

primeiro em língua brasilera

Uma mulher, outra, que decidiu se libertar.

Não sabemos se Tatiana Aparecida Zomer Almeida, mais conhecida como Tati, conhecia essa palavra. Sucedeu que um bom dia, cansada de tantas injustiças, decidiu participar das reuniões que faziam as companheiras catadoras de lixo. Ali encontrava independência, vida, dizia enquanto levantava os olhos procurando o céu.

Quando se parte para a luta, se localiza no espaço do coletivo e saindo do “quartinho individual” e da sensação de isolamento, é assim que nos sentimos “empoderadas”. Sim, com poder, dona de si própria. Isso provoca reações naquelas pessoas que não desejam o mesmo.

Vivemos numa ditadura patriarcal, onde nem o sistema, nem seus homens estão dispostos a permitir que as mulheres provemos do mel da liberdade. Muitos ainda acreditam que nossa função primeira é servi-los. Que essa é a nossa missão, e eles são nossos donos. Quando uma mulher se casa deixa de ser DO pai para passar a ser DO marido. Tanto é assim que até hoje, na Argentina, as mulheres casadas são Fulana DE Tal. Esse DE é a marca da propriedade. No Brasil, como em tantos outros países, isso não é necessário, uma vez que as mulheres agregam o sobrenome do homem- quando não o substituem -, porém o contrário não ocorre. Os homens “SÃO completos”, as mulheres, segundo as crenças patriarcais, devem completar-se com seu meio laranjo ao lado. Senão, somos ou estamos “sós”; solteiras, soltas.

Foi assim que um homem como tantos, que não gostava que SUA mulher saísse de casa para “essas reuniões”, após reiteradas “advertências”, decidiu adotar uma atitude mais “forte”.

Procurou com o olhar a caixa de ferramentas e com decisão se dirigiu a ela, pegou o martelo e sentou-se para aguardar que Tati voltasse de “sua” reunião. Esperou que ela fechasse a porta e se jogou em cima dela, como um animal faminto. Foi tão frio e deliberado que, para que os gritos de Tati não fossem ouvidos, ligou o rádio em alto volume. A cada golpe gritava que não estava certo o que ela fazia, que era sua propriedade, que o homem deve ser obedecido, respeitado. Se agora estava sentindo dor, era tudo culpa sua, ela que havia procurado.

Assim Tatiana foi se apagando, ele a foi assassinando.

Ao terminar sua tarefa se dirigiu até a mesa, pegou um papel e um lápis e escreveu: “esta não trai mais”. Deixou sua mensagem “instrutiva” ao lado do corpo ainda quente. Abriu a porta e foi embora.

Nunca mais se ouviu falar dele, mas sabemos que está em liberdade, com a cumplicidade patriarcal – a fraternidade - de um sistema que estabelece que nós mulheres pertencemos aos homens. Neste sistema onde amor está associado à obediência, que alimenta a fantasia do amor romântico para que a gente deseje casar (ou ser caçada) e aceitar passivamente toda as opressões que esse romantismo acoberta. Sendo assim um elo obrigatório desta cadeia que deve se manter através da heterossexualidade necessariamente obrigatória, garantindo que a violência contra as mulheres possa prosseguir e se legitimar .

Sabemos que nem todos os movimentos populares triunfam, mas as causas que não se levam adiante tem sua derrota assegurada. Por isso saímos às ruas, gritamos e denunciamos.

Vamos nos empoderar, pela lembrança de tantas companheiras que seguem sendo assassinadas, por tantas de nós que sofremos diferentes tipos de violência patriarcal.

Tomaremos as ruas com gritos e cartazes, com raiva e uivos. Com pandeiros e notas musicais. É dessa forma que acreditamos e criamos nossos mundos. E que desejamos habitá-los.

Assim buscaremos a cumplicidade e a consciência de que a violência dos homens contra as mulheres é a fúria do sistema contra a metade da humanidade.

25 de novembro, Dia Internacional de Combate à violência contra as mulheres, gritamos BASTA, denunciamos que não fazemos parte desta farsa.

Por que somos somente algumas ativistas que temos raiva e não todas as mulheres, todas as pessoas? Venham somar-se a nós!

consciência = raiva = ação = mudanças

Nos vemos na quinta, 25 de Novembro, a partir das 11:00, na Esquina Democrática – Porto Alegre – RS

Te esperamos com cartazes, com raiva, com amor, com vontade de mudar este mundo.

La violencia de los hombres contra las mujeres

es la furia del sistema contra la mitad de la humanidad.

por mulheres rebeldes[2]

ahora en lengua argentina

Una mujer, otra, que decidió libertarse.

No sabemos si Tatiana Aparecida Zomer Almeida, más conocida como Tati, conocía esta palabra. Sucedió que un buen día, cansada de tantas injusticias, decidió unirse a otras compañeras que realizaban reuniones de Cartoneras. Allí encontraba independencia, vida decía mientras levantaba los ojos buscando el cielo.

Cuando una parte hacia la lucha, se ubica en el espacio de lo colectivo y sale del “cuartito individual”, se siente “empoderada”. Sí, con poder, dueña de sí misma. Eso provoca reacciones en quienes no desean lo mismo.

Vivimos en una dictadura patriarcal, donde ni el sistema ni sus hombres están dispuestos a que las mujeres conozcamos las mieles de la libertad. Muchos todavía creen que nuestra función primera es servirles a ellos. Que esa es nuestra misión aquí. Que ellos son nuestros dueños. Cuando una mujer se casa deja de ser DEL padre para pasar a ser DEL marido. En Argentina, tanto es así, que hasta hoy las mujeres casadas son Fulana DE Tal. Ese DE es la marca de propiedad. En Brasil, como en tantos otros países, no se necesita, las mujeres se agregan el apellido del hombre – cuando no lo sustituyen -, pero no pasa lo mismo a la inversa. Los hombres “SON completos”, las mujeres, según las creencias patriarcales, deben completarse con su medio naranjo al lado. Sino, somos o estamos “solas”.

Fue así, que un hombre como tantos, al que no le gustaba que SU mujer saliera de casa para ir a “esas reuniones”, luego de reiteradas “advertencias”, decidió tomar una represalia.

Buscó con la mirada la caja de herramientas y con decisión se dirigió a ella, tomó el martillo y se sentó a esperarla a que llegara de “su” reunión. Esperó a que Tati cerrara la puerta y se le tiró encima, cual fiera hambrienta. Fue tan frio y sus acciones premeditadas que, para que los gritos de Tati no se escucharan, encendió la radio, bien fuerte. Con cada golpe le gritaba que no era bueno lo que hacía, que ella le pertenecía a él, y que así debía ser, que él era hombre y merecía ser obedecido, respetado. Si sentía dolor, ahora, era su culpa, ella se la había buscado. Así Tatiana se fue apagando, él la fue asesinando.

Al terminar su tarea se dirigió hacia la mesa, buscó un papel, un lápiz y escribió: “Esta no traiciona más”. Dejó su mensaje mafioso al lado del cuerpo, todavía caliente. Abrió la puerta y se marchó.

No se supo nada más de él, pero sabemos que está en libertad. Con la complicidad patriarcal de un sistema que establece que las mujeres les pertenecemos a los hombres. Que asocia el amor a la obediencia, estimulando el amor romántico para que deseemos casarnos (o ser cazadas) y pertenecer a este sistema de opresiones. Siendo así otra presa del sistema, un eslabón obligado de esta cadena que debe mantenerse con la heterosexualidad necesariamente obligatoria para que esta violencia pueda ejercerse sobre las mujeres.

Sabemos que no todos los movimientos populares triunfan, pero las causas que no se llevan adelante tienen su derrota asegurada. Por eso salimos a las calles por eso gritamos y denunciamos.

Vamos a empoderarnos, por el recuerdo de tantas compañeras que siguen siendo asesinadas, por tantas de nosotras que sufrimos diferentes tipos de violencia patriarcal.

Tomaremos las calles con gritos y carteles, con rabias y aullidos. Con panderetas y corcheas. Es así que creemos y creamos nuestros mundos. Es así que deseamos habitarlo.

Así buscaremos complicidad y consciencia porque la violencia de los hombres contra las mujeres es la furia del sistema contra la mitad de la humanidad.

Este 25 de noviembre, Día Internacional de Combate a la violencia contra las mujeres, venimos a gritar BASTA, a denunciar que no somos parte de esta farsa.

¿Por qué somos solo algunas activistas las que tenemos rabia y no todas las mujeres, todas las personas?

¿Qué esperás para sumarte?

consciencia = rabia = acción = cambios

nos vemos el jueves 25 de Noviembre, a partir de las 11.00 en la Esquina Democrática – Porto Alegre – RS

Te esperamos con carteles, con rabia, con amor, con ganas de cambiar este mundo.

25 de novembro

Convidamos para manifestarmos - 25 DE NOVEMBRO - DIA INTERNACIONAL DO COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

okupação já, as ruas são nossas

esquina democrática, 11 horas, quinta-feira 25 de novembro

Leve cartazes e faixas,
maquiagem (batom e lápis para sangue e manchas roxas); camisetas para pintar com os stencils, tinta para spray. Colher de pau

porque ....

NA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER,

A GENTE METE A COLHER!


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

¿Por qué desembarcan los marines en Costa Rica?


Publicado el 17 Julio 2010 en Atilio Borón

Por Atilio A. Boron



Un buen baño de mierda a los prisioneros de Abu Ghraib es lo que utilizan los marines para enseñar democracia en Iraq. Ahora se instalan en Costa Rica para hacer lo propio con los latinoamericanos

Con los votos del oficialista Partido Liberación Nacional (PLN), el Movimiento Libertario y el diputado evangélico del partido Renovación Costarricense, Justo Orozco, el pasado 1º de Julio el Congreso de Costa Rica autorizó el ingreso a ese país de 46 buques de guerra de la Armada de los Estados Unidos, 200 helicópteros y aviones de combate, y 7.000 marines. Si bien la multiplicidad de versiones encontradas no permiten ver con claridad el origen de esta decisión, la escasa evidencia disponible parece señalar que fue Washington quien solicitó la internación de las tropas. Es sumamente llamativo el silencio de la prensa de Estados Unidos sobre el tema y la ausencia de cualquier referencia explícita a esta autorización en los boletines de prensa diarios de los departamentos de Estado y de Defensa, todo lo cual alimenta la sospecha de que fue la Casa Blanca la que tomó la iniciativa favorablemente acogida por el Congreso costarricense y para la cual exigió la mayor discreción. Lo que se le comunicó al país centroamericano fue que la situación imperante en México había forzado a los cárteles de la droga a modificar sus rutas tradicionales de aproximación e ingreso a Estados Unidos y que para desbaratar esa maniobra era preciso garantizar el despliegue de un sólido contingente de fuerzas militares en el istmo centroamericano, condición sine qua non para librar una efectiva batalla en contra del narcotráfico. Como era previsible, el gobierno de la Presidenta Laura Chinchilla - estrechamente vinculada a lo largo de muchos años con la USAID, nada menos - brindó todo su apoyo y el de sus parlamentarios para responder obedientemente a la requisitoria de Washington.


Las mujeres enroladas en los marines también enseñan democracia



A nadie sorprende la apelación al pretexto del narcotráfico pues es el que corrientemente utiliza Washington-a falta de otros, como los que brindara el terremoto en Š



http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=3198343662148101737#_ftn1> Haití- para justificar la intrusión del personal militar estadounidense en los países de Nuestra América.
No obstante, conspira contra la credibilidad de este argumento el hecho que sean precisamente los países caracterizados por una fuerte presencia militar de Estados Unidos quienes sobresalen por su producción y comercialización de narcóticos.


Tal como quedó demostrado en El Lado Oscuro del Imperio. La Violación de los Derechos Humanos por Estados Unidos, fuentes inobjetables de las Naciones Unidas (la UNODOC, la Oficina de la ONU contra la Droga y el Crimen) demuestran con estadísticas abrumadoras que desde que las tropas de Estados Unidos se instalaron en Afganistán se
produjeron grandes avances en la producción y exportación de opio y la fabricación de heroína, a la vez que en Colombia la presencia estadounidense no fue óbice (sino todo lo contrario) para que se registrase una notable expansión de los cultivos de coca. [1]

Todo esto no debería causar sorpresa alguna, por varias razones. Una de ellas es que el país que se arroga el derecho a combatir el narcotráfico en todo el mundo demuestra una incapacidad tan asombrosa como sospechosa para hacer lo propio dentro de sus fronteras, desde desmontar las redes que vinculan a las mafias del narco con las autoridades, las policías y los jueces locales y estaduales que hacen posible el negocio de la droga hasta implementar una campaña mínimamente significativa para contener la adicción y recuperar a los adictos. Nada sorprendente, insistimos, por cuanto el narcotráfico mueve una cifra que se empina por encima de los 400.000 millones de dólares, anuales, que luego son convenientemente "lavados" en los numerosos paraísos fiscales que los principales países capitalistas han establecido a lo largo y a lo ancho del planeta (comenzando por Estados Unidos y Europa) para ser luego introducidos al sistema bancario oficial y, de ese modo, fortalecer los negocios del capital financiero. Por otra parte, la debilidad e inconsistencia de este pretexto, el de la "lucha contra el narcotráfico", se tornan más evidentes cuando se aprende que Estados Unidos es el primer productor mundial de marihuana, lo que según un estudio de la Fundación Drug Science, reporta a ese país una suma superior a los 35.000 millones de dólares, cifra que supera el valor combinado de la producción de trigo y maíz.


http://www.blogger.com/post-reate.g?blogID=3198343662148101737#_ftn2 [2] Tercero y último, ¿cómo subestimar la importancia que tienen el control y la administración del negocio de los narcóticos para sostener la dominación imperialista en las provincias exteriores del imperio? ¿No fue acaso Gran Bretaña quien reintrodujo el opio en China (droga que había sido prohibida por el emperador Yongzheng debido a los perjuicios que ocasionaba a su población) cuyo consumo masivo promovido por los británicos sirvió para equilibrar sus déficits de balanza comercial con el celeste imperio? Para impulsar esa adicción entre los chinos, británicos y portugueses libraron dos guerras, entre 1839 y 1842 y 1856 y 1860, a resultas de las cuales establecieron dos cabeceras de playa para organizar el tráfico del opio en toda la China: una en Hong Kong, bajo control inglés, y otra en Macao, dominada por los portugueses. ¿Por qué tendríamos hoy que pensar que Estados Unidos, hijo putativo del imperio británico, habría de ser movido por otros intereses cuando declara, de la boca para afuera, la guerra al narcotráfico? ¿No resulta acaso funcional a sus intereses tener una América Latina caracterizada por la proliferación de "estados fallidos" - carcomidos por la corrupción que genera el tráfico de estupefacientes y sus secuelas: desintegración social, mafias, paramilitares, etcétera- e incapaces por eso mismo de ofrecer la menor resistencia a los designios imperiales?


El permiso concedido por el Congreso de Costa Rica se extiende por seis meses, a partir del 1º de Julio del corriente año. No obstante, esta concesión, que se materializa en el contexto de la Iniciativa Mérida (que abarca a México y Centroamérica) es un proyecto que tiene metas pero no plazos, por lo cual la probabilidad de que las tropas usamericanas salgan de Costa Rica a fines de este año y retornen a sus cuarteles en la metrópolis es prácticamente cero. Además, la experiencia internacional enseña que tanto en Europa como en Japón las tropas que Estados Unidos estacionara allí después de la Segunda Guerra Mundial por unos pocos años, extendidos luego con el pretexto de la Guerra Fría, ya llevan en esas locaciones más de 65 sin que sus jefes den las menores muestras de aburrimiento o deseos de regresar a casa. En Okinawa, la repulsa generalizada de la población local contra los ocupantes yankis -que, amparados en su inmunidad, matan, violan y roban a su antojo- no fue suficiente para forzar el desmantelamiento de la base norteamericana. De paso, este incidente subraya la valentía y eficacia del gobierno de Rafael Correa que sí logró la salida de las tropas norteamericanas de la base de Manta. Y en caso de que hubiera un clamor popular exigiendo re- editar tan insólita ocurrencia en Costa Rica, un par de operaciones criminales de esas que la CIA sabe montar muy bien harían que ese pedido se revirtiese instantáneamente, sobre todo con un gobierno como el de Laura Chinchilla que se desvive por demostrar su incondicional sumisión a los dictados del imperio.


Al igual que lo establecido en el Tratado Obama-Uribe mediante el cual Colombia le cede inicialmente el uso de siete bases militares a Estados Unidos, en el caso que nos ocupa el personal militar de este país gozará de total inmunidad ante la justicia costarricense, y sus integrantes podrán entrar y salir de Costa Rica a su entera voluntad, circular por todo el territorio nacional vistiendo sus uniformes y portando sus pertrechos y armamentos de combate.
Con esta decisión la soberanía de Costa Rica no sólo es humillada sino que llega a los límites del ridículo para un país que, en 1948, abolió sus fuerzas armadas y que, en gran medida gracias a eso, pudo desarrollar una política social de avanzada en el deprimente contexto regional centroamericano porque el gendarme oligárquico había sido desbandado. En lo que hace al armamento, la autorización del Congreso permite el ingreso de guardacostas y pequeños navíos pero también de otros como el portaaviones de última generación MakinIsland, botado en Agosto del 2006 y dotado de capacidad para albergar a 102 oficiales y 1.449 marines, pudiendo transportar 42 helicópteros CH-46, cinco aviones AV-8B Harrier y seis helicópteros Blackhawks. Aparte de eso la legislación aprobada extiende su permiso para naves como el USS Freedom, botado en el 2008, con capacidad para combatir a submarinos e internarse en aguas poco profundas. El permiso se extiende también a otros navíos, tipo catamarán, un buque hospital y vehículos varios de reconocimiento con capacidad para transportarse tanto por mar como por tierra. Armamentos y pertrechos que, en síntesis, de poco y nada sirvan para combatir al narcotráfico, en el dudoso caso de que esa sea la voluntad de los ocupantes. Es más que evidente que su objetivo es otro.



El portaviones Makin Island (Ojo, es sólo para combatir al narcotráfico, no piensen mal)

Esta iniciativa del gobierno norteamericano hay que situarla en el contexto de la creciente militarización de la política exterior de los Estados Unidos, cuyas expresiones más importantes en el marco latinoamericano han sido, hasta ahora, la reactivación de la Cuarta Flota, la firma del tratado Obama-Uribe, la de facto ocupación militar de Haití, la construcción del muro de la vergüenza entre México y Estados Unidos, el golpe de estado en Honduras y la posterior legitimación del fraude electoral que elevó a Porfirio Lobo a la presidencia, la concesión de nuevas bases militares por el gobierno reaccionario de Panamá, a todo lo cual se le agrega ahora el desembarco de los marines en Costa Rica. Por supuesto, todo lo anterior articulado con el mantenimiento del bloqueo y acoso a la Revolución Cubana y el permanente hostigamiento a Venezuela, Bolivia y Ecuador. En el plano internacional el desembarco de los marines norteamericanos en Costa Rica debe ser interpretado en el marco de la inminente guerra contra Irán y la grotesca provocación a Corea del Norte, sobre cuyas gravísimas consecuencias hace tiempo viene advirtiendo en sus Reflexiones el Comandante Fidel Castro Ruz.


En conclusión, el imperio avanza en la militarización de la región y en los preparativos para una aventura militar de proporciones globales. Si la agresión a Irán finalmente llegara a consumarse, como autorizarían a pronosticar los aprontes vistos en estos últimos días, la gravísima situación internacional resultante impulsaría a los Estados Unidos a procurar garantizar a cualquier precio el control absoluto y sin fisuras de lo que sus estrategas geopolíticos denominan la gran isla americana, un enorme continente que se extiende desde Alaska a Tierra del Fuego, separado tanto de la masa terrestre eurasiática como de África y que según ellos desempeña un papel fundamental para la seguridad nacional norteamericana. Esa es la razón de fondo por la cual se ha venido produciendo, preventivamente, la desorbitada militarización de la política exterior estadounidense. Es ridículo que se pretenda convencer a nuestros pueblos que la veintena de bases militares establecidas en Centro y Sudamérica y en el Caribe, a las que ahora se suma el desembarco en Costa Rica, y la activación de la Cuarta Flota tienen por objetivo combatir al narcotráfico. Cómo lo enseña la experiencia, a éste no se lo combate con una estrategia militar sino con una política social, que Estados Unidos no aplica dentro de sus fronteras ni permite que se lo haga afuera gracias a la enorme influencia que el FMI y el Banco Mundial tienen sobre países vulnerables y endeudados. La experiencia antes de Colombia y ahora de México (¡con sus más 26.000 muertos desde que el presidente Felipe Calderón declarase su "guerra al narcotráfico"!) atestiguan que la solución al problema no pasa por los marines, portaviones, submarinos y helicópteros artillados sino por la creación de una sociedad justa y solidaria, algo que es incompatible con la lógica del capitalismo y repugnante para los intereses fundamentales del imperio.

En síntesis: el desembarco de los marines en Costa Rica tiene por objetivo reforzar la dominación norteamericana en la región, derrocar por diversos métodos a los gobiernos considerados "enemigos" (Cuba, Venezuela, Bolivia y Ecuador), debilitar aún más a los vacilantes y ambivalentes gobiernos de la "centro-izquierda" y fortalecer a la derecha que se ha hecho fuerte en el litoral del Pacífico (Chile, Perú, Colombia, Panamá, Costa Rica, Honduras y México), reordenando de ese modo el "patio trasero" del imperio para así tener las manos libres y la retaguardia asegurada para salir a reafirmar la prepotencia imperial guerreando en otras latitudes.

http://www.blogger.com/post-reate.g?blogID=3198343662148101737#_ftnref1 [1] Cf. Atilio A. Boron y Andrea Vlahusic, El Lado Oscuro del Imperio. La Violación de los Derechos Humanos por Estados Unidos (Buenos Aires: Ediciones Luxemburg, 2009), pg. 73.


http://www.blogger.com/post-reate.g?blogID=3198343662148101737#_ftnref2 [2] Cf. El Lado Oscuro, op. Cit. , p. 72.



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Cubadebate, Contra el Terrorismo Mediático

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