Pesquisar este blog

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Tomaram a casa



Conto baseado no conto de Julio Cortazar: Casa tomada. 


texto e foto: marian pessah

Um casal de irmãos estava passando por um momento tenso. A recente perda da mãe, num acidente, tinha sido um fato traumático. Somava-se à inesperada dor, o fato que ela tinha deixado muitas dívidas, das quais ninguém tinha conhecimento, e perigavam perder a casa na qual morava a família há anos.

Na quarta-feira, à tarde, Irene e o seu irmão decidiram sair a caminhar e respirar um pouco de oxigênio. Iam pela Avenida Santa Fé, quando por alguma razão, decidiram entrar na Rua Rodriguez Peña. Naquela época, não havia ainda tantas construções e o sol aparecia mais facilmente entre as casas. Contudo, a amargura os deixava com um olhar triste, quase chegando ao chão. Ele amava a literatura francesa, mas também gostava de chutar pedrinhas na rua. E isso fazia. Aconteceu que uma foi bater direto num ralo e fez um barulho particular que chamou a atenção de ambos. Havia, nessa direção, uma chave fazendo equilíbrio entre dois ferrinhos. Olharam-se e sentiram a presença de Bará. Irene, sem duvidar a pegou. E se fosse de uma casa? E se alguém a perdeu? E se.... Minutos mais tarde, a ação se impunha por sobre as perguntas. Os irmãos testaram as fechaduras das casas daquela rua. Até que uma deu certo.

Ao abrir a porta, de forma vagarosa, sentiram uma presença estranha. Ouviu-se rapidamente um movimento interno. Decidiram continuar. Chamou a atenção a sujeira, o pó; contudo, a casa tinha aquela ambiguidade de se estaria sendo habitada por alguém. Decidiram percorrê-la. Era grande e espaçosa. Na entrada descobriram um tricô em andamento e um álbum de selos. Irene era apaixonada por tecer e pegou as agulhas que estavam fincadas num novelo, mas uma delas escorregou no chão. Imediatamente depois desse barulho, ouviram outro. Uma porta, nos fundos, fechava-se. Eles caminharam pelo corredor, viram dois quartos, a cozinha e o banheiro; entretanto, ainda não se animavam a abrir as portas fechadas. Um ar estranho, a déjà vu, os surpreendeu como uma fragrância em primavera. Era um cheiro de almas conhecidas. Essa era a primeira sensação positiva que ambos sentiam em tempos. O lugar os convidava a ficar. Novamente na sala, Irene descobriu, agora, um cachecol feito em um tecido cinza e ficou olhando para o ponto dele. O amante das letras optou por folhar o álbum. Assim ficaram horas, sem perceber o tempo passar. Quando a noite chegou, foram aos dormitórios. Cada um entrou no seu. Ela não tinha acabado de fechar a porta quando ouviu o irmão gritando. Imensa surpresa ao deparar-se com quinze mil pesos escondidos no armário! A vida era um círculo de emoções.

Na manhã seguinte, ao levantar, foram fazer umas compras. Encheram dois cestos; um de comida, outro, de produtos de limpeza. A partir desse momento, tirar a poeira viraria uma obsessão para os novos habitantes da casa. Cozinhavam, limpavam, davam risadas. Estavam muito bem e pouco a pouco começaram a não pensar. Pode-se viver sem pensar.

Todavia, de noite, Irene pronunciava palavras enquanto dormia, em voz muito alta; e o irmão, tinha sonhos que consistiam em grandes sacudidas que às vezes faziam cair o cobertor ao chão. Os seus quartos estavam separados por um salão no meio. À noite, ouviam-se outros barulhos. Decidiram que já era hora de abrir a porta dos fundos.

De manhã, cedo, prepararam o café e fizeram muito barulho, falaram forte e até Irene cantou canções de ninar. Era um aviso.

Quando terminaram de comer, lavaram a louça e deixaram tudo pronto, como quem se prepara para uma grande cerimônia. Foi nesse momento que decidiram tomar a grão decisão: abrir a porta dos fundos. Fizeram-no intempestivamente. Ouviram-se uns barulhos. O som de passos curtos e riscados afastava-se do lugar.  A casa aumentava de tamanho em enormes proporções. Agora, somavam-se três quartos grandes, e o principal, uma biblioteca! O amante das letras não cabia em si de tanta alegria, e ainda nem havia visto a vasta literatura francesa que o antigo morador possuía. Por outra parte; a irmã, achava numa gaveta da cômoda xales brancos, verdes, lilases. Evidentemente, nessa casa, haviam vivido suas almas gêmeas. Agora, a casa era tão grande que poderiam morar nela, oito pessoas sem se estorvarem umas às outras.

 Além de ser espaçosa, guardava lembranças de outrora. De um passado; como de um futuro, ainda por descobrir.

Última imagem. Ao abrir a porta de um dos quartos, como uma fotografia, um rato roia um chapéu militar. Justiça estava sendo feita.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Quantos beijos?

marian pessah*

foto : Alexandre Ferreira da Silva

primeiramente em língua brasileira, embaixo, em língua argentina

          Não nasci para um mundo de muros; que afastem, separem, encerrem. Mas também ficar encima deles, não é solução.

          Ando triste, faz dias que esse sentimento me visita. O conflito árabe-palestino / israelí me dói muito. Sou uma pessoa politizada, desde os meus 15 anos – tenho 46 – já ia às ruas me manifestar, fotografar, participar. Como sou fotógrafa, não tenho tanta experiência em levar cartazes, pois as duas coisas juntas, complicam-se. Contudo, decidi que a situação estava tensa demais para eu não sair com um cartaz na Vigília em Solidariedade  com a Palestina. Participei com uma camiseta que ganhei das minhas amigas de Mujeres de Negro, é uma organização internacional de Mulheres pela Paz que pede pelo fim da ocupação dos territórios. E com um cartaz que dizia: “Sou judia e sou contra todo tipo de genocídio”. Eu podia imaginar que as minhas palavras cairiam bem a algumas pessoas e mal a outras. Todavia, o que NUNCA imaginei foi o carinho recebido dxs palestinxs. Gente que nunca tinha me visto, ao ver o meu cartaz, me abraçava, se emocionava, chamava a outras pessoas para mostrar como sim, tinha pelo menos uma judia que os entendia. Esses abraços que trocamos, esses olhares tão profundos me fizeram voltar a acreditar no amor à humanidade; na força que há no se olhar olho no olho. O reconhecimento em outra pessoa, ante tanta confusão, dá existência a nossa luta.  

         A matéria/ação deu o que falar. Como saí em fotos no Correio do Povo, no Sul 21 e, posteriormente, na Carta Maior, muitas pessoas me reconheceram e me marcavam no Facebook. Chegaram-me tanto parabéns, quanto palavras “menos bonitas”. Nestas, me tratavam de ignorante, de pseudo-judia, de que seria muito necessária num teto de Gaza e um longo etc. Sou judia; porém, não porto credencial. Embora o meu belo sobrenome fale muito. Pessah é a festa de libertação, quando o povo judeu se liberta da escravidão do povo egípcio. Coisa mais linda, né? Ser presenteada com liberdade no meu próprio nome. E por que eu iria desejar ela só para mim? Por que não desejá-la para toda a humanidade? Pensar assim, me converte em ignorante? Vivi no Estado de Israel do 90 ao 93, com “direito” à guerra do Golfo, usar máscara, correr aos refúgios e saber como é conflitivo viver nessa região. Então, pensar diferente, ter outra posição política, me converte em ignorante, ou será que a/s outra/s pessoa/s é/são um pouco simplificadora/s da realidade que não quer/em ver.

        Em Israel reconhecem que o povo palestino estava desde antes que o Estado se fundasse em 1948. Mas também dizem que como é uma zona árabe, xs palestinxs bem podem ir a outras regiões, pois o Estado de Israel só tem esse espaço para acolher xs judixs. Gostaria de ilustrar uma situação. Nós estamos no Brasil, vamos imaginar que amanhã acontece alguma coisa e os povos indígenas guarani-kaiowa chegaram com novas armas e expulsassem a todxs xs habitantes sul-rio-grandenses do estado. Como assim? E a minha casa, os meus pertences? O meu cotidiano? Tudo deve mudar. A resposta seria que como o Brasil é muito grande, a gente teria muitos outros estados aos quais ir. Como é lógico, muitxs não vão querer sair das suas terras e abandoná-lo todo. Ficarão tentando resistir. A partir desse momento, esses “rebeldes”, serão chamados de terroristas.

        No jornal Zero Hora do 24 de julho, Fátima Ali, Secretária da Federação Árabe Palestina (Fepal), escreve um artigo no que conta ser filha de um refugiado palestino. Tive o prazer de conhecê-la na Vigília, aí, me apresentou o seu pai. Conto isto porque hoje Fátima não é só mais um nome para mim; Fátima tem um belo rosto, conheço os seus profundos olhos negros, e o seu abraço, está – ainda – entre os meus braços. Minha nova amiga escreve: “Sou filha de um refugiado palestino, que ostenta na sua identidade a marca ‘sem nacionalidade’”.

     Essas coisas me deixam triste. Sou utópica sim, o olhar das pessoas que abracei, e pelas que fui abraçada, dizem-me que estou no caminho certo. Quero acreditar que outro mundo é possível. Quero voltar a ver o convívio entre judexs e palestinxs como quando em Buenos Aires – minha terra natal -, eu era adolescente, e o meu pai foi admitido no Clube Sírio-Libanês. Se esse ódio que respinga ao mundo todo foi construído, bem podemos desconstruí-lo.

        Quem atira o primeiro beijo?


¿Cuántos besos?


       No nací para un mundo de muros; que alejen, separen, encierren. Pero tampoco para quedarme encima, observando la vida pasar.

       Ando triste, hace días que este sentimiento me visita. El conflicto árabe-palestino / israelí me duele mucho. Soy una persona politizada, a los 15 años – tengo 46 – empecé a salir a las calles a  manifestarme, a fotografiar, a participar. Como soy fotógrafa, no tengo tanta experiencia en llevar carteles, las dos cosas al mismo tiempo, se complican. Pero esta vez, la situación estaba tan tensa, que me decidí a participar con un cartel en  la Vigilia en Solidaridad  con Palestina. Usé una camiseta que me regalaron mis amigas de Mujeres de Negro, una organización internacional de Mujeres por la Paz que pide el fin de la ocupación de los territorios. Y con un cartel que decía: “Soy judía y soy contra todo tipo de genocidio”. Yo  podía imaginarme que mis palabras caerían bien a algunas personas y mal a otras. Así y todo, NUNCA imaginé el cariño que recibiría de lxs palestinxs. Gente que nunca había visto en mi vida, al leer mi cartel, me abrazaba, se emocionaba y, algunxs, hasta iban a llamar a otras personas para que vieran como sí, existe por lo menos una judía que lxs entendía. Esos abrazos que intercambiamos, esas miradas tan profundas me hicieron volver a creer en el amor a la humanidad; en la fuerza que hay en mirarse a los ojos. Porque la necesidad de reconocerse en la otra persona, ante tanta confusión, da existencia a nuestra lucha.

        La nota/acción dio para mucho. Como salí en las fotos de dos diarios y posteriormente en la revista Carta Maior, muchas personas me reconocían y me marcaban en su Facebook. Me llegaron tantas felicitaciones cuanto palabras “menos bonitas”. Ahí me trataban de ignorante, de pseudo-judía, de que sería muy  necesaria en un techo de Gaza y un largo etc. Soy judía; no obstante, no llevo credencial. Si bien que mi apellido ya lo dice todo. Pessah es la fiesta de libertación, cuando el pueblo judío se liberta de la esclavitud del pueblo egipcio. ¡Qué lindo! Llevar a la propia libertad en mi nombre. ¿Y por qué yo tendría que desearla sólo para mí? ¿Por qué no quererla para toda la humanidad? ¿Pensar así me convierte en ignorante? Viví en el Estado de Israel del 90 al 93, con “derecho” a la guerra del Golfo, usar máscara, correr a los refugios y saber, bien de cerca, cómo es conflictivo vivir en esa región. Entonces, pensar diferente, tener otra posición política, me convierte en ignorante, o será que la/s otra/s persona/s es/son un poco simplificadora/s de la realidad que no quiere/n ver.

       En Israel reconocen que lxs palestinxs estaban desde antes que el Estado se fundase en 1948. Pero dicen que como es una zona árabe, ellxs podrían ir a otras regiones, porque el Estado de Israel sólo tiene ese espacio para albergar a lxs judixs. Me gustaría ilustrar esta situação. Aquí estamos en Brasil, vamos a imaginar que mañana sucede alguna cosa y los pueblos indígenas guarani-kaiowa llegan con nuevas armas poderosas y expulsan a todxs lxs habitantes de Rio Grande do Sul del estado. ¿Cómo? ¿Y mi casa, mis cosas? ¿Mi cotidiano? Todo debe cambiar. La respuesta sería que como Brasil es muy grande, nosotrxs tendíamos muchos otros estados a los cuales ir. Como es lógico, muchxs no van a querer salir y abandonarlo todo. Se quedarán intentando resistir. A partir de ese momento, esos “rebeldes”, pasarán a ser llamados terroristas.
   
      En el diario Zero Hora del 24 de julio, Fátima Ali, Secretaria de la Federación Árabe Palestina (Fepal), escribe un artículo donde cuenta que es hija de un refugiado palestino. Tuve La oportunidad de conocerla durante la Vigilia, allí me presentó a su padre. Cuento esto porque hoy Fátima no es sólo un nombre para mí; Fátima tiene un bello rostro, conozco sus profundos ojos negros, y su abrazo, está – todavía – entre mis brazos. Mi nueva amiga dice: “Soy hija de un refugiado palestino, que ostenta en su identidad la marca ‘sin nacionalidad’”.  

      Estas cosas me dejan triste. Soy utópica ¿y qué? La mirada de las personas que abracé, y por las que fui abrazada, me dicen  que estoy en el camino cierto. Quiero creer que otro mundo es posible. Deseo volver a la convivencia entre judíxs y palestinxs como cuando en Buenos Aires – mi tierra natal -, yo era adolescente, y mi padre fue admitido en el Club Sirio-Libanés. Si ese odio, que salpica al mundo entero, fue construido, bien podemos desconstruirlo.

     ¿Quién tira el primer beso?

* Artivista. Extranjera en el mundo – prófuga de la normalidad – artista polítiika de la oktava dimensión. Físicamente en Porto Alegre, sur de Brasil, polítikamente en América Latina. Pertenece al grupo Mulheres Rebeldes y actualmente estudiante de letras.  marianpessah@gmail.com



quarta-feira, 23 de julho de 2014

Pasajera en tránsito


por marian pessah

Voy a empezar hablando de mí. No por ego, sino porque creo que este es un tema desde el cual una piensa y se piensa desde dentro.
Durante 10 años mantuve una relación abierta con mi compañera Clarisse. Recientemente tomamos la decisión – nada fácil – de separarnos. El objetivo es diferenciar nuestro amor profundo del lado pareja, y seguimos viviendo juntas. Como nunca tuvimos una relación convencional, era esperable que la separación tampoco lo fuera.
Por un tiempito, yo estuve relacionándome con una chica “normativa”, pero ella no consiguió entender que siguiéramos viviendo bajo el mismo techo con Clarisse y le quemaba la cabeza. A veces, a pesar de ser muy conscientes, nos enamoramos de personas nada que ver. Y eso me pasó a mí. La voz de ella empezó a ser como un zumbido social en mis oídos. Los policías y cuidadores del sistema se manifestaban a través suyo. Cuánta gente hay que se “enamora” de nuestras alas y llegan a la 2ª cita con sus manos de tijeras, pretendiendo cambiarlo todo. Y una, abobada, va dejando pasar cosas. Hay personas que desean ser diferentes, pero su necesidad de entrar en las normas es tan fuerte, que acaban convirtiéndose en infiltradas. Una frase que aparece en Facebook, de Simone de Beauvoir, lo ilustra perfecto:”El opresor no sería tan fuerte si no tuviese cómplices entre lxs propixs oprimidxs”.
Quiero entender lo que nos sucede a las mujeres con el amor, porque fuimos educadas para eso, para amar, porque si no, somos unas mal amadas, como dice uno de los tantos insultos con los que nos propina la sociedad normativa. Voy a intentar, en este poco espacio, ver cómo funciona por dentro, así podemos desarmarlo mejor.

El proceso de la mala educación

La hétero-sociedad  capitalista y monogámica inventa el amor romántico y asusta con el  miedo, a las mujeres, de quedarse solas – entre otras cuantas formas de control - y nos lo va inculcando a través de músicas, lenguajes, literatura, cuentos de hadas, películas, etc. Veamos algunos ejemplos: la canción “Minha namorada” compuesta por Vinicius de Moraes y Carlos Lyra, en la cual el  hombre le dice a la mujer que para ser su novia tiene que hacer un juramento, el de tener un único pensamiento, el de ser suya hasta morir. ¡SUYA! ¡Observen el nivel de propiedad privada emocional! En una frase ya tenemos el casa-miento perfecto de la heterosexualidad y la monogamia. Continúa pidiéndole que no pierda esa forma de hablar despacito y hacerle mucho cariño y llorar mansamente sin que nadie sepa por qué. O sea, mujer tiene que ser “femenina” - lo que implica sensible entre otras “cualidades” - y obedecer las necesidades de su propietario. Si esto es dicho por un poeta contemporáneo, cosmopolita  y de izquierda, ¿qué nos espera del enemigo? Ahora observen la internacionalidad del lenguaje patriarcal. En hebreo, la palabra marido también significa dueño. Así como en español, esposa tiene dos acepciones, la de mujer de y las que usa la policía para prender a los maleantes. Entiéndase por ello que unos custodios del sistema prenden a los malhechores, y otros, bajo el régimen héteropatriarcal, desean cas(z)ar a las mujeres. Muy metafórico ese juego de palabras que aprisionan.
Podríamos continuar hablando de los cuentos de hadas, ¡hay tantos! ¿Por dónde empezar? Por decir que a tan temprana edad ya nos meten en la cabeza que por ser mujeres somos diferentes, que vamos a tener que volver temprano porque a media noche  toda la fantasía se desarma, o sea, la vida es un teatro. Se pierde un zapato, cuando no se transforma un zapallo, y hay que esperar, pasivamente, que venga el susodicho, puerta por puerta, a ver quién es la merecedora del príncipe. Léase aquí: ¡Mujeres! ¡Compitan por un macho! Y va a ganar la que tenga el pie más chiquito ¡¿Pie?! Miremos la sumisión ahí implícita. Sabemos que cuanto menor es nuestra base, menor será el equilibrio, la mujer se puede caer, ergo, no dispone de autonomía. Como dice Vinicius: ser sólo suyo hasta morir. Tendremos un dueño y protector, ese es el premio.
Continuando con la literatura, podemos visitar a nuestro vecino Pablo Neruda: “Me gusta cuando callas porque estás como ausente / distante y dolorosa como si hubieras muerto”. Maravilla de poema, ¿no? Me deja… muda, sin palabras. Todo lo que el poeta quería, ¿no?
Volviendo a la vida cotidiana, esta mala educación, produce un cheap en muchas de nuestras madres que dice: “Ay nena, con ese carácter – léase rebeldía - nadie te va a querer”, entiéndase, te vas a quedar sola. Y después de ver todo lo que nos puede pasar si alguien no nos quiere, acaban mutilando la rebeldía de muchas mujeres y cambiándola por manos de tijeras. Así, en lugar de tener una desorganizadora, el sistema gana una cómplice. Mi madre me decía siempre que mi problema, era que yo pensaba mucho y eso que ella no era el prototipo de la sumisión.
¿Queda claro – siguiendo las enseñanzas wittignianas - por qué no me identifico como mujer y sí como lesbiana? ¡Con L de LIBERTAD!

Cómo nombrarnos
Cuando recibí la convocatoria de la Celebración de las Amantes, en la primera lectura rápida, en lugar de leer Anarquía relacional, leí anarquía amorosa y  me quedé con esa idea. Me gustó porque no incluye la palabra amor (por esa razón le escapo al término poliamor, siento que de alguna manera volvemos a caer en sus redes, así como ya no me identifica el término amor libre), hablar de amorosidad en las relaciones, más allá de con nuestra compañera sexo-afectiva, es un término más amplio, más comunitario, más de vida. Me da la sensación de que abarcara el todo.  También es positivo, cosa que la Ruptura de la Monogamia Obligatoria – RMO, como yo llamaba a esta lucha, rompe pero no propone. Es necesario, para un primer paso, poder detectar lo que no queremos para poder buscar lo que deseamos y ahí, viene la anarkía amorosa y nos abraza.
Esta búsqueda de rever cómo relacionarnos, tanto afectivamente, como sexualmente, representa la lucha más radikal que puede enfrentarse a este sistema patriarcal capitalista. Porque nos atraviesa el cuerpo, entra en nuestros sentimientos y se refleja en nuestras acciones llevando a la práctica el mayor lema feminista: lo personal es político.

Barajar y dar de nuevo
¿Se puede, ideológicamente, estar del lado del sistema, trabajar a consciencia para engordar el capital, e intentar al mismo tiempo destruirlo amorosamente? Si viviéramos en una comunidad sin propiedad privada en su fuerza de producción, ¿tendríamos los mismos problemas?
Siguiendo el principio de lo que esta mujer normativa pretendía de mí, era que yo saliera de mi casa y me fuera a vivir sola. Entonces, a ver si entendí bien, yo debería trabajar más horas para el sistema capitalista, para pagar un alquiler y más impuestos para así poder destruirlo mejor. ¿Es eso? ¿O será que el sistema, a través de una chica linda, pretendía fagocitarme? ¿No suena incoherente? ¡Cuidado! El enemigo trata de meterse dentro nuestro todo el tiempo, a veces lo consigue, otras, no tan fácilmente. En ciertos casos, algunas “infiltradas” pueden vestir cuerpos “rebeldes” llenos de tatuajes y pearcings, recordemos que ellos no representan una ideología en sí, al contrario, muchas veces puede caerse en la rebeldía controlada por el sistema capitalista, quien exige consumo   a cambio de una aparente desobediencia, al mismo tiempo que mira mal a quien no se depila pues, entre otras cosas, su revuelta no aporta al capital, a la industria de la depilación, peluquerías, Salones de “belleza”, etc. Al contrario, deja de consumir precisando trabajar menos para el sistema tendiendo más tiempo LIBRE para pensar, leer y aKtivar.
Retomando. Las trampas para mantenernos controladas y calladitas son muchas. En lugar de vivir sola y seguir caminando hacia la individualidad, ¿por qué no pensar colectivamente? ¿Por qué a alguien que amé/o tanto, a partir de cerrar una relación amorosa la tengo que empezar a odiar, me tengo que pelear? Nuevamente la competencia, el sistema divide para reinar. Yo prefiero sumar que restar. Por suerte hay muchas referencias de mujeres que terminaron sus relaciones afectivo-sexuales y continúan viviendo juntas. Es necesario hablar de esto, vernos, darnos existencia para cuando el opresor nos grite en la cara que eso no es normal, una se sienta fortalecida y diga, ¿y a mí qué con tu normalidad? Por eso, agradezco estos espacios que tanto nos fortalecen, donde nos podemos mirar a los ojos, reconocernos, escuchar nuestras voces, conocer nuevas his/herstorias, sentirnos.
Creo muy importante volver a un punto que me parece crucial, el de la ética feminista y los cuidados entre nosotras. Observarnos. Por eso hablaba antes de la amorosidad que nada tiene que ver con el amor romántico. Recordemos que fuimos criadas en una sociedad heterosexual, monogámica, capitalista que frente a nuestras rebeldías hará de todo para que nos cansemos y nos asimilemos a la manada. En nuestros espacios, en nuestras comunidades es importante tener claro que lo que queremos es romper, desarmar el sistema sin rompernos a nosotras mismas. En esta aventura maravillosa de las anarkías amorosas habrá tantas respuestas y propuestas como personas en el baile. Y recordemos que, aún entre las mismas actoras el tipo de música puede cambiar y así, tendremos que rever nuestros pasos y ritmos. Para ello, es importante estar comunicadas, expresadas; generar nuestros propios códigos. No hay fórmulas ni recetas; no hay modelos, aunque cada vez estemos creando más referencias.

Por todo esto me considero una pasajera en tránsito. Creo que la vida es una Gran Escuela a la que venimos a aprender, a errar, reaprender y poner los conocimientos en práctica. Nada es definitivo, por eso me siento en búsqueda permanente, en continuo movimiento, aunque no implique un constante equilibrio.


Porto Alegre, 30 de abril del 14

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Adèle, uma história sem rumo


por marian pessah



primero en lengua brasilera, más adelante en argentina

Finito o vestibulare, fui assistir o polémico film do verão: A vie d’Adèle, no seu título original, e aqui no Brasil, Azul, é a cor mais quente. Sinceramente? Parece que o diretor franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, acabava de ver o kamasutra lésbico – dizem que também é feito por homens – e se decidiu a filmá-lo a partir da HQ “Azul” da jovem Julie Maroh. Mas, se é isso o que ele queria, são desnecessárias as 3 longuíssimas horas, fazendo o filme perder o foco de tudo. De que era mesmo que ele queria falar?

Várias amigas vinham comentando este filme do qual recebi notas escritas, e, até, perguntas de que achava eu ao respeito. Acho que só por isso fui a vê-lo, sinceramente, não me interessam as más traduções, nem interpretações hetero-machistas de uma escritora declarada lésbica e feminista.  

O filme começa bem, até. A Adèle é adolescente, ainda está na escola, e aparece numa aula de literatura. O professor, a partir de uma leitura pergunta axs alunxs se conhecem aquele sentimento; a sensação de que alguma coisa estivesse faltando. Isso acontecerá com a protagonista frente à pressão (das patrulhas hétero-sociais) das amigas do colégio, ter que sair com um menino bonitinho que não tira os olhos dela. Uma Adèle muito pouco convencida sai com ele, ficando nítida a pouca atenção que o bonitinho dava aos sentimentos dela. Mais uma vez, o que importa é como os homens se sentem, e não as mulheres. Essa sensação de falta de completude vai contrastar de maneira estridente ao conhecer Emma, a menina dos cabelos azuis.  Ai estarão os “cinco minutos” de paixão de que fala tudo mundo. O filme tem altos e baixos. Quando elas estão ainda se conhecendo há um clima de tensão instalado (interessante), sabendo que ambas se desejam; contudo, ainda não houve aproximação física. Porém, a partir do primeiro beijo, a câmera rompe todo ritmo típico de cinema francês e tem uma crise de cinema estadunidense. Aparecem as duas nuas em um ambiente que não sabemos onde é e sem nenhum tipo de preliminar. Esse será um dos três “grandes” momentos eróticos do filme. Desses que muitas pessoas estão debatendo sobre a classificação. Eu não acho que sejam imagens pornô. Simplesmente, são fantasias de um homem heterossexual, brincando de kamasutra; ou bem, imaginando o que duas meninas apaixonadas fazem na cama, e fora dela.

Em seguida vem as apresentações às famílias, deixando nítido que a Emma tem muito bem resolvida a sua sexualidade e na casa não há problema nenhum. Enquanto a Adèle aparece um pouco como quem “disso” não se fala. Porém, o padece. No começo com as mesmas patrulhas da escola, uma vez que a Emma foi esperá-la à saída, lhe disseram que andava em companhia de machorras e que agora tinha se transformado numa lambe-bucetas. Também, com as escusas que dava, mais tarde, ao seu colega de trabalho quando a convidava, reiteradas vezes, a sair depois da jornada.

Na versão livre do patriarca tunisiano, elas moram junto e reproduzem todos os papéis do mais convencional casal heterossexual e monogâmico. Ela, Adèle, é uma perfeita ama de casa; “ele”, Emma, lê na cama até que ela acaba de lavar a louça. “Ele” pode paquerar outras mulheres, mas quando ela é descoberta, acabará sendo chamada de puta (quanta originalidade!), e sendo expulsa da casa. Os dez mandamentos do patriarcado estão, sem exceção, no filme.  Adèle ficará arrasada. Por muito tempo, a veremos com suas constantes lágrimas, que por vezes, se misturam com o vinho branco que ela bebe, gerando uma peculiar meleca que nos deixa tristes. Já não saberemos se por estragar o vinho francês, por que o filme se alonga sem piedade, ou... ah, é, porque a nossa protagonista está triste, pois o tunisiano coloca a bela dama no lugar de quem ainda acredita seja no príncipe, seja na princesa azul. Mas, Emma pintou os cabelos de outra cor. A princesa azul se foi pela cloaca. Só restaram desventuras e tempo e mais tempo para dizer o mesmo, ou seja, que aquele vazio não é existencial é, simplesmente, que está faltando uma tesoura, umx editorx no filme, um roteiro!! E também, um pouco de respeito da leitura original que a escritora Julie Maroh, a quem ele não responde correios desde 2011,tinha feito.


Adèle, una historia sin rumbo

x marian pessah
agora em língua argentina

Finito el vestibulare, fui ver el polémico film del verano: A vie d’Adèle, en su título original, y aquí en Brasil, Azul, é a cor mais quente. ¿Sinceramente? Parece que el director franco-tunisino Abdellatif Kechiche, acababa de ver el kamasutra lésbico – que dicen que también está hecho por hombres – y se decidió a filmarlo a partir de la historieta “Azul” de la joven Julie Maroh. Pero para ello son desnecesarias las 3 larguísimas horas, haciéndole a la película perder el foco de todo. ¿Cuál fue el objetivo del Sr. Kechiche?

Varias amigas venían comentando este film del cual recibí notas, e, inclusive, preguntas de qué pensaba al respecto. Creo que sólo por eso fui a verlo, sinceramente, no me interesan las malas traducciones ni interpretaciones hétero-machistas de una escritora declarada lesbiana y feminista. 

La peli hasta que comienza bien. Adèle es una adolescente, todavía está en la escuela, y aparece en una clase de literatura. El profesor, a partir de una lectura pregunta a lxs alumnxs si conocen ese sentimiento; la sensación de que alguna cosa estuviera faltando. Eso sucederá con la protagonista frente a la presión (de los controles hétero-sociales) de las amigas del colegio, tener que salir con un chico lindo que no le sacaba los ojos de encima. Una Adèle muy poco convencida se dispone a asumir lo que sus amigas esperaban de ella, quedando nítida la poca atención que el galán daba a sus sentimientos de poco interés. Una vez más, lo que importa es cómo los hombres se sienten, y no las mujeres. Esa sensación de falta de completud va a contrastar de manera gritante al conocer a Emma, la muchacha de cabellos azules.  Ahí estarán los “cinco minutos” de pasión de los cuales habla todo el mundo. La película tiene sus altos y bajos. Cuando ellas están aún conociéndose hay un clima de tensión instalado (interesante), sabiendo que ambas se desean; así y todo, no hay, aún, aproximación física. Pero a partir del primer beso, la cámara – o el director - rompe todo ritmo típico de cine francés y le da una crisis de cine yankee. De golpe, aparecen las dos desnudas en un ambiente que no sabemos dónde es y sin ningún preliminar, o sea, derecho viejo. Ese será uno de los tres “grandes” momentos eróticos del film. Sobre los que muchas personas están debatiendo sobre su clasificación. A mí no me parecieron imágenes pornográficas. Simplemente, son las fantasías de un hombre heterosexual, jugando al kamasutra lesbiano; o bien, imaginando lo que dos jóvenes hacen en la cama, y fuera de ella. Con mucha pasión.

En seguida llegan las presentaciones a las respectivas familias, dejando nítido que Emma tiene muy bien resuelta su sexualidad y en su casa no hay ningún problema. Mientras que Adèle aparece un poco como quien profesa el viejo “de eso no se habla”. Aunque lo padezca. Al comienzo de la relación, con las mismas controladoras sociales de la escuela, una vez que Emma fue a esperarla a la salida, le dijeron que andaba en compañía de marimachos y que ahora era una chupa-concha. También, con las escusas que daba, más tarde, a su compañero de trabajo cuando él la invitaba, reiteradas veces, a salir después de la jornada.

En la versión libre del patriarca tunisino, ellas vvien juntas y reproducen todos los papeles del más convencional matrimonio heterosexual y monogámico. Ella, Adèle, es uma perfecta ama de casa; “él”, Emma, lee en la cama hasta que ella termina de lavar los platos. “Él” puede levantarse otras chicas, peros cuando ella es descubierta, acabará siendo tratada y llamada de puta (¡cuánta originalidad!), y siendo echada de la casa. Los diez mandamientos del patriarcado están, sin excepción, presentes a lo largo de los interminables 180 minutos.  Adèle se queda super mal. Por mucho tiempo la veremos con sus constantes lágrimas, que por veces se mesclan con sus mocos y el vino blanco que no deja de beber, generando una sensación de  tristeza. Ya no sabremos si por arruinar el flamante vino francés, si porque la película se alarga sin piedad, o... ah, sí porque nuestra protagonista está triste, pues el tunisino coloca a la bella dama en el lugar de quien todavía cree en el príncipe y/o la princesa azul. Pero Emma se tiñó nuevamente el cabello de otro color. La princesa azul se fue por la cloaca. Sólo restaron desventuras y tiempo y más tiempo para decir lo mismo, o sea, que aquel vacío no es existencial es, simplemente, que ¡¡está faltando una buena tijera, una edición al film, un guión!! Y también, un poco de respeto a la lectura original que la escritora Julie Maroh, a la que él no le responde correos desde el 2011, había hecho.