A escritora guatemalteca, Maya Cu, lendo seu maravilhoso e arrepiante "Y oytro ZAZ digo", do lado as escritoras Alma Carla Sandoval e Helen Dixon
Gente, eu não aguento mais! Sim, eu sei, faltam só três semanas, mas não
é de estudar, é de ler as leituras obrigatórias e a literatura brasileira toda
desde o ponto de vista dos homens. Que cansativo! O mais engraçado é como uma
ou outra vez fala-se do patriarcado no passado, como se tivesse acabado!
Acaso não enxergam que 100% das
leituras obrigatórias são escritas por homens? Também as do ano passado. E ai, temos de ler o que ELES pensam de nós, como eles nos enxergam. Ver o macho retrógrado, chamado de bom escritor, de Simões Lopes
Neto, como nos humilha a cada palavra, e a gente ficar assim, sem vez nem voz. Quero levantar a minha queixa! O ponto cume chega
com a metáfora maior dos Corações
Solitários, de Rubem Fonseca. Conto
que ilustra um jornal por dentro, ele pretende ser escrito por mulheres a mulheres
da classe C, no entanto, é escrito por homens e lido por eles mesmos, mas, da classe B. Será que não é assim
também que acontece no poema de Drummond, aquele que fala do vestido e conta a
história “da outra mulher”, será que tudo isso não é o que ele, o Carlos, acha
que pensamos as mulheres?
Sim,
já sei, não faltará quem me diga: “Mas tem mulheres ai, o acaso não viste as
três linhas que fala da Rachel de Queiros, as quatro da Cecília, ou as cinco da
Clarice?” Pois é, será que em tantas outras linhas de centenas de
escritores homens, me passa batida a exceção que vem a confirmar a regra.
“Por
tudo isso, num cenário como esse, fica curioso destacar que o primeiro livro de
poesias publicado no Rio Grande do Sul seja escrito por uma mulher: Delfina
Benigna da Cunha (1834 – Poesias dedicadas às senhoras rio-grandenses), e que
em 1837 o primeiro livro de ficção editado em Porto Alegre seja também de uma
mulher, Ana Eurídice de Barandas. Seriam estes exemplos de “antiprendas”? Guacira
Lopes Louro, do livro Uma escola de mulheres.
Obrigada
Guacira, que reconfortante ouvir uma voz de mulher. E aí UFRGS, o que se passa
com as outras vozes de mulheres, onde estão?
3 comentários:
Adorei o seu espaço sideral! Ele é misto de poeticidade e literariedade... Aproveito para desejar um feliz 2013 e que você desvende os dias misteriosos desde ano ímpar. Abraço fraterno, Jasanf.
Obrigada Jasanf ;-)
também te desejo um excelente e feliz 2013
um abraço sororal
Legal a critica, esse ano me aproximei do curso de Letras e percebi que ainda é, nas ciências humanas, um reduto misógino. Embora seja majoritariamente para formação das mulheres... Tive uma experiência esse ano em um grupo que era coordenado por uma professora de literatura. Ela estudou Lispector, mas, não entende que os feminismos sejam teorias que dão suporte para pensar as letras e artes. Então, entramos em conflito, pois quem fundamenta-se nas teorias feministas ainda é visto como sem fundamentação, sem teoria. O recurso é dos grandes teóricos, geralmente misóginos. Coragem para terminar esse curso, pois será uma luta contra egos, já que você é uma escritora que não se fez nesse meio acadêmico, é feminista libertária, uma afronta para a estrutura do conhecimento aceito pelos pares.
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