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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Cadê as vozes das mulheres?



A escritora guatemalteca, Maya Cu, lendo seu maravilhoso e arrepiante "Y oytro ZAZ digo", do lado as escritoras Alma Carla Sandoval e Helen Dixon

      Gente, eu não aguento mais! Sim, eu sei, faltam só três semanas, mas não é de estudar, é de ler as leituras obrigatórias e a literatura brasileira toda desde o ponto de vista dos homens. Que cansativo! O mais engraçado é como uma ou outra vez fala-se do patriarcado no passado, como se tivesse acabado! Acaso não enxergam que 100%  das leituras obrigatórias são escritas por homens? Também as do ano passado. E ai, temos de ler o que ELES pensam de nós, como eles nos enxergam. Ver o macho retrógrado, chamado de bom escritor, de Simões Lopes Neto, como nos humilha a cada palavra, e a gente ficar assim, sem vez nem voz. Quero levantar a minha queixa! O ponto cume chega com a metáfora maior dos Corações Solitários, de Rubem Fonseca. Conto que ilustra um jornal por dentro, ele pretende ser escrito por mulheres a mulheres da classe C, no entanto, é escrito por homens e lido por eles mesmos, mas, da classe B. Será que não é assim também que acontece no poema de Drummond, aquele que fala do vestido e conta a história “da outra mulher”, será que tudo isso não é o que ele, o Carlos, acha que pensamos as mulheres?

    Sim, já sei, não faltará quem me diga: “Mas tem mulheres ai, o acaso não viste as três linhas que fala da Rachel de Queiros, as quatro da Cecília, ou as cinco da Clarice?” Pois é, será que em tantas outras linhas de centenas de escritores homens, me passa batida a exceção que vem a confirmar a regra. 

   “Por tudo isso, num cenário como esse, fica curioso destacar que o primeiro livro de poesias publicado no Rio Grande do Sul seja escrito por uma mulher: Delfina Benigna da Cunha (1834 – Poesias dedicadas às senhoras rio-grandenses), e que em 1837 o primeiro livro de ficção editado em Porto Alegre seja também de uma mulher, Ana Eurídice de Barandas. Seriam estes exemplos de “antiprendas”? Guacira Lopes Louro, do livro Uma escola de mulheres.

Obrigada Guacira, que reconfortante ouvir uma voz de mulher. E aí UFRGS, o que se passa com as outras vozes de mulheres, onde estão?

marian pessah

3 comentários:

Jasanf disse...

Adorei o seu espaço sideral! Ele é misto de poeticidade e literariedade... Aproveito para desejar um feliz 2013 e que você desvende os dias misteriosos desde ano ímpar. Abraço fraterno, Jasanf.

radical desde la raíz disse...

Obrigada Jasanf ;-)
também te desejo um excelente e feliz 2013
um abraço sororal

Anônimo disse...

Legal a critica, esse ano me aproximei do curso de Letras e percebi que ainda é, nas ciências humanas, um reduto misógino. Embora seja majoritariamente para formação das mulheres... Tive uma experiência esse ano em um grupo que era coordenado por uma professora de literatura. Ela estudou Lispector, mas, não entende que os feminismos sejam teorias que dão suporte para pensar as letras e artes. Então, entramos em conflito, pois quem fundamenta-se nas teorias feministas ainda é visto como sem fundamentação, sem teoria. O recurso é dos grandes teóricos, geralmente misóginos. Coragem para terminar esse curso, pois será uma luta contra egos, já que você é uma escritora que não se fez nesse meio acadêmico, é feminista libertária, uma afronta para a estrutura do conhecimento aceito pelos pares.