Dançar até derrubar o capital
clarisse castilhos e marian pessah [1]
fotos: http://www.flickr.com/photos/mulheresrebeldes/sets/72157626063264933/
primero en lengua brasilera
Neste ano nós mulheres passamos a perna no Carnaval e fomos para a avenida no dia 01 março, afinal a nossa luta não se restringe ao dia 08, ela é permanente e cotidiana.
Primeiro ato. Com as mulheres da Via Campesina e outros grupos urbanos, okupamos a Braskem. Chegamos de surpresa e furamos o esquema quase militar do pólo petroquímico de Triunfo. Cerca de mil mulheres descemos dos ônibus, correndo pelos caminhos, empunhando nossas bandeiras e atravessando portões. Lá dentro protestamos, nos manifestamos e reunimos em grupos para refletir sobre nosso ato. Antes de continuar a luta na cidade, fizemos uma devolução simbólica da poluição gerada pela Braskem, amarrando sacos de plásticos nos portões e jogando garrafas plásticas para dentro do pátio da empresa.
Para nós a luta é também uma festa por isso estamos dentro. Muitas pessoas se perguntarão: o que tem a ver okupar uma empresa com o 8 de março? Muito. Nesse dia, que é especialmente significativo, conseguimos unir dois alvos indissolúveis: Patriarcado e Capital, as duas pernas do monstro; as duas faces da mesma moeda. Quem se OKUPA da festa somos as mulheres. Não cozinhando, servindo café, ou cuidando das crianças, mas na logística, na organização, no debate e na segurança. Algumas pessoas talvez não compreendam o que isso significa para nós, mas é aí que avaliamos o quanto avançamos e quanto ainda nos falta. É por isso que muitas de nós aprenderam a dirigir carros, mapear lugares, filmar, e até responder a entrevistas para os jornais. Okupar esses espaços que o patriarcado definiu como hegemônico dos homens.
Quem é essa tal de Braskem? Não é uma empresa de tecnologia “limpa”, que produz plástico verde, esse que não polui? “A Braskem é uma empresa brasileira do grupo Odebrecht, que depois da privatização de parte da Petrobrás passou a dominar a produção de petroquímicos no Brasil e na América Latina, explorando mão de obra barata e os recursos naturais. Em 2010 iniciou a produção do dito “plástico verde”, que usa como matéria-prima a cana de açúcar. Aí a coisa já começa a ficar enrolada porque a única diferença entre esse plástico e aquele feito do petróleo é a matéria-prima. Porém, nenhum dos dois plásticos é biodegradável! Pior ainda, para produzi-lo vai ser preciso plantar cana com todos os riscos dessa cultura, como o empobrecimento total da terra. Para o RS vai significar intensificação do monocultivo e invasão das terras da pequena agricultura. A meta é plantar 1 milhão e 800 mil ha de cana transgênica no RS já que a planta não é apropriada para regiões de clima frio.” (Manifesto Via Campesina, MTD e Levante da Juventude) A política do governo Dilma, segue sendo financiar projetos como esse, a unidade de Triunfo - RS foi construída em 80% pelo governo federal.
Não há espaço para as mulheres no ritmo e nas condições de trabalho impostas pelo agronegócio exportador nesses desertos verdes da cana de açúcar, do eucalipto e de outros monocultivos, só o que se expande é a violência e a prostituição. Assim se mantém os latifúndios impedindo, desta maneira, que as terras passem para a reforma agrária e assim para agricultura familiar.
Em suma, o cultivo de cana, expulsa mão de obra (que sempre primeiro serão as mulheres), intensifica a concentração de terras e inibe o cultivo de alimentos orgânicos, em troca da plantação de matéria-prima para combustível (ou, no caso de outras culturas, para a produção de celulose, de alimentos para animais, etc.). Suas repercussões sobre a elevação do preço dos alimentos e da produção de transgênicos para a população de baixa renda são bem evidentes.
Continuando na luta, saímos da Braskem e fomos para Porto Alegre onde nos encontramos com outros grupos urbanos. Elas tinham passado na frente do ícone da mídia capitalista, o jornal Zero Hora, onde queimaram exemplares do caderno “Donna”, um suplemento “feminino”, que tenta passar a imagem de mulheres frívolas que só se interessam por moda, receitas de cozinha, decoração de casa, etc. Aí, a situação pegou fogo e o jornal teve que fechar as suas portas. No trajeto até a praça da matriz elas deixaram suas marcas em alguns monumentos da cidade, ressaltando a posição de inferioridade a que as mulheres são descritas na história contada pelo patriarcado.
Quando nos encontramos, todas juntas, nas portas do Palácio da Justiça, queimamos soutiens e dançamos como bruxas fazendo a nossa revolução.
Nossa luta feminista, se levada as suas raízes, é a mesma da classe trabalhadora e dos povos colonizados e escravizados: nos batemos contra as bases da opressão que hoje está representada pelo capitalismo, mas que também existia antes e permaneceu no socialismo.
Capital e patriarcado estão associados e se baseiam em relações de opressão. E nós mulheres trabalhadoras, contestadoras, negras, lésbicas, e quem estiver fora da norma/lidade somos alvo do controle ideológico, representado pelas leis, pela religião, pela grande imprensa, pela moral e pela família burguesa. Como dizia Flora Tristan, “as mulheres são as proletárias do proletariado”, e já no século 19 tinha consciência de que “o matrimônio significava a apropriação da mulher pelo homem”.
Nós, Mulheres Rebeldes, acreditamos num feminismo autônomo e radikal. Autônomo de donxs, senhorxs, instituições, partidos e igrejas. Radikal, porque luta para destruir o patriarcado-capitalista em suas formas de organização social, política e ideológica. Não aceita dogmas e não acredita em modelos.
Nosso objetivo é subverter a ordem patriarcal, por isso a libertação de toda a humanidade é uma conseqüência lógica, e não a troca de domínio de um grupo sobre outro.
Capital = Patriarcado
Só a luta permanente e cotidiana nos liberta
Sem feminismo não há socialismo
MULHERES REBELDES, março de 2011
Bailar hasta derribar el capital
clarisse castilhos y marian pessah [2]
fotos: http://www.flickr.com/photos/mulheresrebeldes/sets/72157626063264933/
ahora en lengua argentina
Este año las mujeres burlamos el Carnaval y fuimos a la avenida el 1º de marzo, nuestra lucha no se reduce al día 8, es permanente y cotidiana.
Primer acto. Con las mujeres de
Para nosotras la lucha es también una fiesta por eso estamos dentro. Muchas personas se preguntarán: ¿qué tiene que ver okupar una empresa con el 8 de marzo? Mucho. Este día es especialmente significativo, puesto que conseguimos unir dos objetivos indisolubles: Patriarcado y Capital, las dos piernas del monstruo; las dos caras de la misma moneda. Quien se OKUPA de la fiesta somos las mujeres. No cocinando, sirviendo café, o cuidando de lxs niñxs, sino que en la logística, la organización, con el debate y en la seguridad. Algunas personas tal vez no entiendan La importancia que esto significa para nosotras, justamente es ahí que evaluamos cuánto avanzamos y cuánto todavía nos falta. Por eso muchas de nosotras aprenden a manejar autos, mapear lugares, filmar, e inclusive, responder entrevistas para los diarios. Okupar estos espacios que el patriarcado definió como hegemónico de los hombres.
¿Y quién es tal de Braskem? ¿No es una empresa de tecnología “limpia”, que produce plástico verde, y no contamina el medio ambiente? “Braskem es una empresa brasilera del grupo Odebrecht, que después de la privatización de parte de
No hay espacio para las mujeres en el ritmo y en las condiciones de trabajo impuestas por el agronegocio exportador en estos desiertos verdes de caña de azúcar, eucaliptos y de otros monocultivos, sólo se expande la violencia y la prostitución. De esta manera se mantienen los latifundios impidiendo que las tierras pasen a la reforma agraria y la agricultura familiar.
En suma, el cultivo de caña expulsa mano de obra (que siempre primero será de las mujeres), intensifica la concentración de tierras e inhibe el cultivo de alimentos orgánicos, a cambio de la plantación de materia-prima para combustible (o, en caso de otras culturas, para la producción de celulosa, de alimentos para animales, etc.). Sus repercusiones sobre la elevación del precio de los alimentos y de la producción de transgénicos para la población de bajos salarios son bien evidentes.
Continuando la lucha, salimos de
Nos encontramos todas juntas en las puertas del Palacio de Justicia, allí quemamos corpiños / brassiers y danzamos como brujas haciendo nuestra revolución.
Nuestra lucha feminista, desde sus raíces, es la misma de la clase trabajadora y de los pueblos colonizados y esclavizados: luchamos contra las bases de opresión que hoy está representada por el capitalismo, pero también existía antes y permaneció en el socialismo.
Capital y patriarcado están asociados y se basan en relaciones de opresión. Nosotras, mujeres trabajadoras, contestatarias, negras, lesbianas, y todas lãs que están fuera de la norma/lidad somos blanco del control ideológico, representado por las leyes, la religión, la gran prensa, la moral y la familia burguesa. Como decía Flora Tristán, “las mujeres son las proletarias del proletariado”, ya en el siglo XIX tenía consciencia de que “el matrimonio significaba la apropiación de la mujer por el hombre”.
Nosotras, Mulheres Rebeldes, apostamos a un feminismo autónomo y radikal. Autónomo de dueñxs, señorxs, instituciones, partidos e iglesias. Radikal, porque lucha para destruir el patriarcado-capitalista em sus formas de organización social, política e ideológica. No acepta dogmas y no cree en modelos.
Nuestro objetivo es subvertir el orden patriarcal, por eso la libertación de toda la humanidad es una consecuencia lógica, y no el cambio de dominio de un grupo por otro.
Capital = Patriarcado
Sólo la lucha permanente y cotidiana nos liberta
Sin feminismo no hay socialismo
MULHERES REBELDES, marzo de 2011
[1] Grupo mulheres rebeldes http://mulheresrebeldes.blogspot.com/ ; http://www.mulheresrebeldes.org/
[2] Grupo mujeres rebeldes http://mujeresrebeldes.blogspot.com/
[3] La utlización de la letra K no tiene ninguna relación con el kirchenismo, sí con prácticas anarkistas y desestabilizadoras de lo acomodado por otros.
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